“Obviamente que está toda a gente surpreendida porque Portugal, felizmente, ganhou uma boa reputação nos últimos anos como um país estável, previsível, onde as legislaturas se cumprem”, afirmou António Costa aos jornalistas durante uma visita à capital alemã.

O primeiro-ministro almoçou com o vencedor das eleições alemães e atual vice-chanceler, Olaf Scholz, e irá encontrar-se, ao final da tarde, com a chanceler Angela Merkel.

“Ninguém compreende como é que surge uma crise, num momento em que estamos no primeiro lugar a nível mundial na vacinação, somos dos países que estamos a recuperar mais fortemente da crise económica, como estamos a reduzir o desemprego (…) as pessoas têm dificuldade em perceber como há uma crise”, destacou o líder do governo português.

Nas duas reuniões com Scholz e Merkel estão em análise as relações bilaterais e a agenda europeia, nomeadamente a política da União Europeia para recuperação social e económica.

“Ninguém tem dúvidas de que Portugal cumprirá os seus compromissos europeus. Temos uma longa tradição de, mudando de governo, os compromissos serem integralmente respeitados”, esclareceu.

“Todos os países estão habituados a terem problemas internos, nós também temos. Não diria que haver eleições é uma crise. É uma solução democrática para quando há um impasse parlamentar como aquele que se constatou que existia”, destacou o primeiro-ministro.

Questionado sobre a possibilidade de entendimentos depois das eleições legislativas antecipadas de 30 de janeiro de 2022, António Costa preferiu não fazer comentários.

No início de outubro, durante uma reunião do Conselho Europeu na Eslovénia, a chanceler Angela Merkel convidou o primeiro-ministro para visitar Berlim, antes de terminar o seu mandato.

Já na última cimeira de chefes de Estado e de Governo da União Europeia, no passado dia 22, em Bruxelas, António Costa disse assistir "com tristeza" à despedida da chanceler alemã naquele que foi o seu último Conselho Europeu.

Aos jornalistas em Berlim, o primeiro-ministro sublinhou que Angela Merkel “deixa uma marca muito forte na Europa” com quem teve “muito gosto em trabalhar” e com quem “aprendeu muito”, aproveitando a oportunidade para lhe agradecer tudo o que fez pela Europa.