“Será uma reunião de trabalho à porta fechada, destinada a fazer um balanço da legislatura que agora termina e a preparar com os deputados o novo programa”, declarou à agência Lusa fonte da bancada socialista.

O último plenário da Assembleia da República está marcado para o próximo dia 26, pelo que a reunião de segunda-feira será a última de António Costa com o Grupo Parlamentar do PS que saiu das eleições legislativas de 2019.

Até ao final da próxima semana, segundo a mesma fonte da bancada socialista, haverá também um jantar de António Costa com os deputados do PS.

Além da preparação do programa eleitoral, o PS vai iniciar em breve o processo de escolha dos seus candidatos a deputados. Um processo em que as federações têm um papel considerado preponderante, já que lhes cabe indicar cerca de dois terços dos elementos de cada lista do respetivo círculo eleitoral.

O restante terço, de acordo com os estatutos do PS, é da responsabilidade direta do secretário-geral, que também indica os cabeças de lista socialista para cada um dos círculos eleitorais do território continental.

Com eleições legislativas marcadas para 30 de janeiro, as listas de deputados terão de estar formalmente fechadas até 20 de dezembro.

No caso dos socialistas, as comissões políticas federativas vão proceder a partir da segunda semana de dezembro a uma primeira aprovação das listas, cabendo depois à Comissão Política Nacional a aprovação final.

Em termos de estratégia eleitoral, António Costa, numa entrevista que concedeu à RTP na semana passada, recusou que uma maioria absoluta do PS seja perigosa para a democracia e assumiu que se os socialistas não a alcançarem nas eleições procurarão um entendimento “duradouro” com os parceiros de esquerda.

No entanto, logo a seguir, manifestou-se cético em relação à real viabilidade dessa solução política à esquerda que nasceu em novembro de 2015 e que caiu em outubro com o chumbo do Orçamento do Estado para 2022.

“Há uma lição que todos temos a retirar destes anos: Bati-me por esta solução, mas não escolho a orientação nem do PCP nem do BE. Se o PCP e o BE optaram por ser partidos de protesto, tenho de respeitar. Custa-me muito, devo dizer, porque acho que foi um desperdício de oportunidades”, considerou.

Neste quadro político, o líder socialista argumentou que vai pedir o voto dos portugueses para uma solução estável para quatro anos de Governo”.

“Com ou sem maioria [absoluta], não deixarei de dialogar. Acho que ninguém tem medo da minha ação e da forma como governamos, ninguém tem dúvidas de que o Presidente da República não deixará de estar atento, que a comunicação social estará atenta e que o poder judicial é livre e independente”, argumentou.

Em relação às próximas eleições legislativas, o líder socialista defendeu a tese de que “a escolha fundamental dos portugueses é se querem regressar a um Governo do PSD ou se querem dar continuidade a um Governo do PS”.

“E, dando continuidade a um Governo do PS, em que condições querem que o Governo do PS governe: Querem dar força a esse Governo para poder governar de forma estável, de uma forma duradoura, ou não querem. É uma opção dos portugueses. Eu estou de bem, eu ficarei de bem qualquer que seja a votação", completou.

Dias depois, o dirigente socialista Porfírio Silva manifestou-se contra discussões no PS sobre um eventual futuro acordo de Governo com o PSD, principalmente num momento em que os sociais-democratas ainda discutem internamente como vão apresentar-se às eleições.

Em declarações à agência Lusa, Porfírio Silva considerou desadequado esse debate, apontando que “o PSD ainda nem sequer decidiu o que quer para o país e como se vai apresentar às eleições”.

“Mesmo para quem pudesse pretender qualquer tipo de entendimento com o PSD, não é certamente o momento para o PS aparecer ao PSD como se estivesse a pedir uma coisa que o PSD ainda não disse que queria ou que não queria. De todo em todo, este não é o momento para se estar a falar num pedido a alguém que ainda não decidiu o que quer fazer e que está a discutir internamente se quer isso ou se não quer”, alegou.

Já esta semana, em sentido oposto, em entrevista à RTP3, o antigo líder parlamentar do PS e atual presidente do Conselho Económico e Social, Francisco Assis, defendeu o diálogo entre centro-esquerda e centro-direita e insurgiu-se contra a “demonização do Bloco Central” por parte de algumas correntes políticas portuguesas.

Partindo do dado referente à vitória dos sociais-democratas germânicos nas últimas eleições alemãs, depois de terem feito parte de governos liderados por democratas-cristãos nos últimos oito anos, Francisco Assis contestou que a colaboração ao centro leve à derrocada eleitoral do centro-esquerda e ao crescimento dos extremos.

“Segundo essas teorias que aqui são apresentadas [em Portugal], [o SPD] estaria condenado a ser completamente esmagado e assimilado. A verdade é que isso não aconteceu. Portanto, não é verdade”, argumentou.