O texto introdutório, da autoria do cardeal da Guiné-Conacri e que hoje foi divulgado pelo jornal digital 7MARGENS – a menos de uma semana do lançamento em Portugal -, alerta que “de todos os lados, as vagas do relativismo abatem-se sobre a barca da Igreja. Os apóstolos têm medo. A sua fé diminui. Também a Igreja parece por vezes vacilar”.

“Contudo, estamos profundamente em paz, porque sabemos que é Jesus quem conduz a barca. Sabemos que ela nunca se afundará. Acreditamos que só ela pode conduzir-nos ao porto da salvação eterna”, escreve o cardeal Sarah, para de imediato fazer a defesa do celibato dos padres: “Sabemos que Jesus está aqui, connosco, na barca. Queremos transmitir-Lhe a nossa confiança e a nossa fidelidade absoluta, plena, exclusiva. Queremos voltar a dizer-Lhe o grande ‘sim’ que Lhe dissemos no dia da nossa ordenação. É esse ‘sim’ total que o nosso celibato sacerdotal nos faz viver em cada dia”.

Para o prefeito da Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos, o celibato “é uma proclamação de fé”.

“É um testemunho porque nos leva a entrar numa vida que só tem sentido a partir de Deus. O nosso celibato é testemunho, ou seja martírio. A palavra grega tem os dois significados. Durante a tempestade, nós, os sacerdotes, devemos reafirmar que estamos dispostos a perder a vida por Cristo. Dia após dia, damos esse testemunho graças ao celibato por meio do qual entregamos a nossa vida”, escreveu o prelado.

Na introdução, que aparece como um texto “escrito por Robert Sarah, lido e aprovado por Bento XVI”, o cardeal guineense diz que o livro é publicado “num espírito de amor pela unidade da Igreja” – “Se a ideologia divide, a verdade une os corações” – e também “num espírito de caridade”.

Segundo o 7MARGENS, o livro será posto à venda em Portugal na próxima quarta-feira, 12 de fevereiro, com a edição portuguesa a resultar do acordo editorial entre a Princípia Editora (através da sua chancela Lucerna) e a Fundação AJB – A Junção do Bem.

No livro, Bento XVI defende que o celibato dos padres “tem um grande significado” e é “indispensável para que o caminho” dos sacerdotes “na direção de Deus permaneça o fundamento” da sua vida.

Esta defesa pública do celibato sacerdotal causou polémica quando foi conhecida, no início de janeiro, pois surgiu numa altura em que é esperada a posição final do Papa Francisco sobre as conclusões do Sínodo dos Bispos para a Amazónia, no qual foi defendida a abertura para a ordenação de homens casados naquela região do mundo, a fim de ultrapassar as dificuldades causadas pela falta de padres.

A polémica atingiu tão grandes dimensões após a publicação de excertos do livro pelo jornal francês Le Figaro, que levou o próprio Bento XVI a pedir a retirada do seu nome da autoria da obra, alegadamente por não ter dado autorização para a utilização do seu texto num livro, o que o Sarah contestou. A retirada da assinatura conjunta já não foi possível na edição francesa, e na portuguesa aparecerá como autor Robert Sarah “com o contributo de Bento XVI”.

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