A conversa decorreu na terça-feira na Jordânia à margem da cimeira regional “Bagdad II”, encontro promovido com o objetivo de atenuar as tensões regionais e que reuniu ‘atores-chave’ do Médio Oriente e representantes ocidentais.

Entre os participantes da cimeira estavam o Irão e a Arábia Saudita, dois países rivais que romperam relações em 2016.

“À margem da reunião, tive a oportunidade de conversar amigavelmente com alguns dos meus homólogos, incluindo os ministros dos Negócios Estrangeiros de Omã, Qatar, Iraque, Kuwait e Arábia Saudita”, disse Hossein Amir-Abdollahian, numa mensagem em árabe publicada nas redes sociais.

“O ministro saudita [Faisal bin Farhan al-Saud] assegurou a disposição do seu país na procura do diálogo com o Irão”, acrescentou.

O Irão está a enfrentar uma vaga de protestos desde a morte, em meados de setembro, de Mahsa Amini, uma jovem curda iraniana de 22 anos que morreu quando estava sob custódia policial.

Os protestos têm sido fortemente reprimidos pelas autoridades iranianas.

Desde então, segundo as denúncias de organizações não-governamentais (ONG), centenas de pessoas foram mortas, milhares foram detidas e dois homens foram executados.

O Irão tem acusado os “inimigos”, liderados pelos Estados Unidos e com o suposto envolvimento de Israel, de alimentarem os protestos.

As autoridades também apontaram para o papel saudita no financiamento da imprensa persa “hostil” no estrangeiro.

Em novembro, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Irão, Nasser Kanani, pediu à Arábia Saudita que pusesse termo a um comportamento que considerou como “hostil”.

Mais tarde, o ministro responsável pela tutela dos serviços de informação iranianos, Esmail Khatib, ameaçou os vizinhos do Irão, incluindo a Arábia Saudita, com represálias contra qualquer tentativa de desestabilizar o país.

A Arábia Saudita, sunita, e o Irão, xiita, romperam relações há sete anos, depois de manifestantes na República Islâmica terem atacado missões diplomáticas sauditas após a execução, em Riade, de um importante clérigo xiita, Nimr al-Nimr.

No entanto, desde abril de 2021, o Iraque acolheu uma série de reuniões entre as autoridades de segurança das duas potências rivais.

As negociações pararam nos últimos meses e não foi anunciada publicamente qualquer nova reunião desde abril de 2022.

Os dois países apoiam lados rivais em vários conflitos na região, inclusive no Iémen, onde Riade lidera uma coligação internacional que apoia o governo, enquanto o Irão está do lado dos rebeldes xiitas Huthis.