O Comité dos Médicos do Sudão, um sindicato da oposição que dá o registo das vítimas mortais e feridos durante os protestos, informou, através das redes sociais, que pelo menos dois manifestantes morreram durante as marchas que decorreram na capital do país, Cartum, e na cidade adjacente de Um Durman.

Segundo o comité, o manifestante de Cartum morreu na sequência de “um ferimento violento diretamente na cabeça” infligido pelas forças de segurança, e o de Um Durman morreu depois de ter sido “alvejado no peito”.

Estas duas vítimas mortais elevam o número de mortos desde o início dos protestos, após a revolta, para 56, segundo o Comité dos Médicos.

Os protestos intensificaram-se neste país africano desde que o líder militar sudanês, o general Abdelfatah al-Burhan, e o primeiro-ministro Abdullah Hamdok, destituído no golpe de Estado de outubro, chegaram a um acordo, em finais de novembro, para repor o último em funções e estabelecer um novo roteiro para as eleições no país, previstas para 2023.

Milhares de pessoas saíram hoje para as ruas de Cartum e de outras cidades do país, num novo dia de protestos convocados pelos chamados comités de resistência.

Os manifestantes, agitando bandeiras, expressaram a sua rejeição do acordo político alcançado entre Abdelfatah al-Burhan e Abdullah Hamdok, gritando frases de ordem a favor de um Estado civil, de acordo com os relatos da agência noticiosa oficial sudanesa, SUNA.

Antes do início das manifestações, as autoridades sudanesas fecharam todas as vias e pontes que garantem os acessos a Cartum, exceto duas, enquanto os serviços telefónicos e de Internet foram cortados, medida frequente durante os dias de protestos.