Apesar de saudar a libertação de presos políticos, um porta-voz do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos, Jeremy Laurence, lamentou que no dia do anúncio “22 outros tenham sido detidos”.

Na quarta-feira, comemorando o 75º aniversário da independência de Myanmar, a junta militar, que regularmente perdoa presos nos feriados, anunciou que libertaria 7.012 pessoas, sem especificar se isso incluía os dissidentes políticos.

“Desse número, cerca de 300 são presos políticos”, disse Laurence numa conferência de imprensa em Genebra, afirmando que 195 casos foram verificados.

A Associação de Assistência a Presos Políticos (AAPP), organização local, divulgou hoje a mesma estimativa de 300 presos políticos, e disse ter conseguido confirmar até ao momento “a libertação de 223 presos políticos identificados”.

O golpe militar de 01 de fevereiro de 2021, que derrubou o Governo da líder civil Aung San Suu Kiy e provocou grandes protestos e repressão, encerrou um breve período de liberdades no país do sudeste asiático com uma história turbulenta.

Das quase 17.000 pessoas presas desde o golpe, mais de 13.000 ainda estão detidas, disse Lawrence, indicando que o Alto Comissariado planeava publicar um relatório sobre a situação no país.

A libertação esta semana de presos políticos em Myanmar é “um alívio para os detidos injustamente, mas também para as suas famílias”, entretanto, “aproveitamos esta oportunidade para apelar à libertação de milhares de outras pessoas que ainda se encontram detidas por oposição às forças militares regra”, declarou.

A junta está a preparar-se para novas eleições marcadas para o final deste ano, descritas de antemão como “uma farsa” pelos Estados Unidos.

“Para tirar Myanmar da crise, não devemos prender as pessoas, mas permitir que participem livre, plena e efetivamente da vida política”, disse o porta-voz do Alto Comissariado.

Denunciando as contínuas prisões de dissidentes, Laurence apontou que muitos são submetidos a tortura e maus-tratos.

“Estas detenções não visam apenas silenciar os críticos da junta, mas também instalar o medo”, afirmou.

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