O plano necessita de 8 mil milhões de dólares (6,9 mil milhões de euros) para assegurar uma distribuição equitativa e visa alcançar a vacinação de 70% da população de todos os países até meados de 2022.

O anúncio foi feito hoje pelo diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, em conjunto com o secretário-geral da ONU, António Guterres, em conferência de imprensa virtual, a partir de Genebra e Nova Iorque.

O objetivo da ONU e da OMS era que todos os países tivessem vacinado pelo menos 10% da sua população até final de setembro, mas a meta não foi alcançada em 56 países, “sem culpa própria”, consideraram os responsáveis.

“Com a produção de vacinas agora em quase 1,5 mil milhões de doses por mês, podemos alcançar 40% das pessoas em todos os países até o final do ano - se pudermos mobilizar cerca de 8 mil milhões de dólares para garantir que a distribuição seja equitativa”, declarou António Guterres.

A estratégia hoje anunciada distribui responsabilidades por países, produtores e fabricantes de vacinas, instituições financeiras globais e bancos de desenvolvimento, setor privado e sociedade civil.

O plano pede a todos os países que atualizem os planos de vacinação nacionais para os alinharem com os objetivos anunciados hoje, atualizando os investimentos e a distribuição.

Os países com alta taxa de cobertura devem aumentar as doações de vacinas à plataforma COVAX, segundo a OMS.

Aos produtores de vacinas, a OMS pede licenciamentos não exclusivos para outros países, mas “o livre fluxo transfronteiriço de vacinas prontas e matérias-primas” e a partilha de ‘know how’.

Às organizações comunitárias e sociedade civil pede que exijam e defendam a distribuição equitativa de vacinas e apoiem programas de vacinação nos respetivos países.

Já os bancos de desenvolvimento regionais devem dar acesso mais rápido a capital e ajuda externa aos países em desenvolvimento e “apoiar os mecanismos internacionais de aquisição e alocação” de vacinas.

O secretário-geral da ONU, que há muito tem incentivado um plano de vacinação global a ser implementado por uma ‘task force’ de emergência em conjunto com países produtores de vacinas, OMS, parceiros da plataforma de vacinação COVAX, instituições financeiras mundiais e companhias farmacêuticas, considerou que “cabe aos Estados-Membros unir-se e fazer o que for necessário para que esta estratégia seja bem-sucedida”.

Guterres acrescentou ainda que os países do G20 terão uma “oportunidade”, na cimeira do grupo de 30 e 31 de outubro, em Roma, para concretizar a promessa de vacinar todo o mundo.

O diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus denunciou que a “concentração” de instrumentos e materiais nas mãos de poucos países e companhias levaram a “uma catástrofe global”, mas que os objetivos ainda podem ser atingidos com um nível de “compromisso político, ação e cooperação maior do que o que vimos até aqui”.

Até agora, foram administradas 6,4 mil milhões de doses em todo o mundo e quase um terço da população mundial já está completamente protegida, disse Tedros Ghebreyesus, acrescentando que 75% de todas as vacinas foram para países de renda alta e média-alta.

Países de baixa renda ou subdesenvolvidos receberam menos de um por cento das vacinas em todo o mundo e, no continente africano, menos de 5% da população está vacinada com ambas as doses.

“O desenvolvimento e aprovação de vacinas em tempo recorde levou-nos ao cume da conquista científica, mas agora estamos à beira do precipício do falhanço, se não disponibilizarmos os benefícios da ciência para todas as pessoas em todos os países”, declarou o diretor-geral da OMS.

(Notícia atualizada às 16h23)