“Acho que é uma boa ideia. Há tanta gente no metro que já não põe a máscara, mesmo sendo obrigatório, e cada vez mais gente que não hesita em tossir para cima dos outros na rua. Com o número de casos que há em Paris, eu comecei a usar a minha máscara já hoje!”, afirmou Jason, parisiense de 30 anos, em declarações à agência Lusa.

As autoridades da capital voltaram a decretar a obrigatoriedade da máscara na rua a partir de sexta-feira, 31 de dezembro, já que Paris se tornou o departamento com maior número de contágios em toda a França, com 2.000 casos positivos por 100.000 habitantes.

Eva e André também fazem a mesma constatação que Jason. Chegados de Portugal na quarta-feira, esta mãe e filho reconhecem que o respeito das regras sanitárias em Paris não é levado tão a sério como em terras lusas.

“Tenho mais receio [de ser infetada] aqui. Ainda ontem, quando viemos do aeroporto, o motorista não tinha máscara e isso fez-me impressão. Em Portugal é muito mais organizado e as pessoas cumprem mais. É mais rigoroso”, disse Eva.

Para Erwan, parisiense de 28 anos, o medo nem é tanto do vírus, já que em 2020 foi infetado sem grandes consequências para a sua saúde, mas o facto de ver como as pessoas à sua volta não cumprem os gestos barreira.

“Quando vemos a diferença entre as hospitalizações e o número de casos, verificamos que o ómicron é mais contagioso, mas não é mais perigoso e, portanto, temos menos medo. Mas o que faz medo é ver que muitas pessoas têm menos cuidado e isso acaba por nos stressar”, afirmou o jovem professor.

Os hospitais na região parisiense já começaram a desprogramar intervenções cirúrgicas não prioritárias de forma a pode acolher da melhor forma os pacientes com covid-19. Atualmente, estes hospitais contam com 3.771 pessoas internadas devido à covid-19 e 717 estão em unidades de cuidados intensivos.

Assim, as medidas impostas quer pelas autoridades locais, quer pelo Governo, são consensuais entre as pessoas com quem a agência Lusa falou esta manhã.

“Já estamos habituados, portanto não vejo nenhum problema. Sinceramente esta variante não muda muita coisa, há mais de um ano e meio que vivemos com isto. Seja como for, mais vale impor estas restrições agora do que quando as coisas estiverem ainda piores”, disse Maxime, de 23 anos.

Para este parisiense, o que custa mesmo é ficar sem os concertos, já que todos sem lugar marcado foram proibidos. Continuam a ser permitidos os concertos ou eventos com lugar marcado até 2.000 pessoas e 5.000 pessoas caso seja ao ar livre. Não há limitação de pessoas em feiras profissionais, salões, zoos ou até parques de atrações, como a Disneyland Paris.

As autoridades parisienses tentam também desencorajar os ajuntamentos na passagem do ano, não havendo qualquer animação de rua prevista na capital, o que quer dizer que não se realizará a tradicional contagem decrescente nos Campos Elísios. Assim, as festas entre amigos são a opção mais viável.

“Vou organizar uma festa com amigos em casa e toda a gente tem de se testar antes de vir. Infelizmente um dos meus amigos já testou positivo, portanto não vem. Também vou tentar evitar grandes abraços à meia-noite”, declarou Jason.

André e Eva não têm planos para o fim de ano na capital francesa e mesmo com as restrições confessam que lhes faz bem sair, passear e pensar noutras coisas.

“Claro que há restrições, mas para nós, só o facto de estar aqui três dias é ter férias e é bom. Restrições há em todo o lado”, concluiu André.

De forma a assegurar o cumprimento das regras sanitárias e quaisquer possíveis distúrbios, as autoridades de Paris destacaram cerca de 9.000 policias e militares para patrulhar a cidade.