Paulo Raimundo, que falava aos jornalistas à margem da visita que hoje realiza à Feira Nacional da Agricultura, que decorre até domingo em Santarém, afirmou que, neste processo, “há coisas mal esclarecidas”.

“Alguém, eu ia dizer mentiu, vá, alguém faltou à verdade e isso é que é preciso esclarecer. Eu não estou em condições de afirmar que foi o A, o B ou o C. Que houve alguém, houve. Então que se esclareça isso rapidamente”, declarou.

Para o líder comunista, o país deve concentrar-se no que “é fundamental”, ou seja, na “resposta aos problemas das pessoas, a resposta aos agricultores, às suas necessidades, porque apostar nos agricultores é apostar no país, na sua produção”.

“É isso que o país precisa. E essas tricas, que não são indiferentes, não são coisas pequenas, que se resolvam rapidamente porque ninguém ganha com isso. Ou melhor, os agricultores, cada um de nós, ninguém ganha com isso, esses que se envolvem nas tricas se calhar têm outras coisas a ganhar mas isso é outro problema”, acrescentou.

Paulo Raimundo frisou que, para o PCP, mais que as pessoas que ocupam os lugares, “a questão de fundo é a opção política”, pelo que de nada vale a saída de João Galamba do Governo se o objetivo da privatização, nomeadamente da TAP, se mantiver.

“Se este ministro sair e vier outro, mais forte, menos fragilizado, mas cujo objetivo, neste caso em concreto, seja privatizar a TAP, de que nos vale isso? Vale pouco de nada. Só para andar aqui a entreter-nos, nome A nome B, etc”, afirmou, referindo o facto de o ex-ministro Pedro Nuno Santos ter reafirmado esta semana no parlamento a vontade “em se empenhar na privatização da TAP”.

“Mudou-se o ministro com um estardalhaço muito grande, [mas] a opção de fundo manteve-se a mesma. O problema com que estamos confrontados é que, caso mude este ministro, vale de muito pouco se a opção política for a mesma”, frisou.

Também no caso da agricultura, Paulo Raimundo afirmou que não será a mudança de ministra que muda “a questão de fundo” das opções políticas para o setor.

“Essa é que está errada e é preciso mudar e há condições para mudar”, afirmou, sublinhando que as pessoas têm, cada uma, “as suas características, a sua forma de estar”.

Para o líder comunista, a questão é que o apoio do Governo aos agricultores “fica muito aquém do que era possível e era necessário”.

“Basta ver esta feira para ver as potencialidades enormes que existem. Temos um país com capacidade produtiva, com agricultores e com vontade de produzir mais e um país que precisa ser ocupado do ponto de vista territorial também e, em particular, os pequenos e médios agricultores têm aqui um papel também determinante, na produção, na criação de riqueza e ocupação de território”, acrescentou.

O secretário-geral do PCP defendeu o apoio à produção e aos agricultores, em particular os pequenos e médios, “que são sempre aqueles que são mais espremidos”, tendo, nomeadamente, ficado de fora de um conjunto de apoios destinados ao setor.

Paulo Raimundo deu como exemplos de que a aposta política não acompanha o esforço do setor a diminuição do rendimento dos agricultores em 11% e o aumento em 50% do défice da balança comercial, em 2022.