Em entrevista à Lusa, a propósito da primeira iniciativa pública do movimento, o gestor, economista e antigo presidente da AICEP (Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal) recusa que o PSD tenha, para se distinguir do PS, de “desmontar algo se estiver bem feito” e frisa que ter finanças públicas saudáveis é “um ponto de partida”, mas “não chega”.

“Eu costumo dizer que a economia portuguesa, se fosse um carro, tinha uma pedra à frente, que é a burocracia, e uma pedra em cima, que era a fiscalidade. Não consegue mexer o carro, acelerar o carro da economia portuguesa, daí nós andarmos há 20 anos com crescimentos anémicos”, apontou.

Questionado se o PS não retirou margem ao discurso do PSD ao também defender a importância das contas certas, Pedro Reis rejeitou essa perspetiva.

“O PSD sempre foi um partido que defendeu essa bandeira. Mas isso é um ponto de partida, não é um ponto de chegada. Isso é criar condições para gerar crescimento”, defendeu, considerando que o crescimento passa por dar condições para a “vitalidade do setor privado” e internacionalização da economia, o que implica “o combate à burocracia, a redução da fiscalidade, e melhores condições de competitividade”.

Pedro Reis salientou que as projeções económicas apontam para que, depois das injeções de dinheiro comunitário nos próximos anos, o país volte às anteriores baixas taxas de crescimento quando acabar “o efeito da vitamina” do PRR.

“Ora, isto devia-nos fazer mesmo pensar. Enquanto está ali, claro que tem o seu impacto. E depois não fica nada? É mais uma vez o ouro do Brasil, não aprendemos com a história? Há algo de profundamente vou dizer insuficiente – para não dizer errado — no nosso modelo de economia”, considerou.

Para Pedro Reis, a forma como o Estado se organiza “não liberta crescimento”, dizendo que muitos funcionários públicos — citando o exemplo da AICEP – “nada ficam a dever aos melhores profissionais do setor privado”, mas depois “não estão motivados para trabalhar mais e melhor”.

“A falência operacional do Estado está aí. Os níveis de serviço das instituições e os prazos estão a resvalar todos nos hospitais, nas agências públicas, na resposta na educação”, considerou.

Por isso, defende, o PSD quer “afirmar uma certa diferença para um caminho mais ambicioso, de voltar a crescer”.

“Nós não temos que nos acomodar ou conformar, o que é um bocado o estado de espírito do país neste momento. O país já não pensa assim. E eu acho que o grande desafio do PSD — e o movimento Acreditar gostaria de contribuir para isso – é dizer que não tem de ser assim, é possível ir muito mais longe, muito mais rápido e recuperar a esperança e a ambição”, considerou.

Do lado do PS, Pedro Reis considerou que não tem havido “respostas concretas” sobre como é que as suas políticas vão gerar “crescimentos fortes”.

“Eu não vejo essa agenda, acho que o PSD tem um espaço enorme de progressão nesta agenda e é por isso que queremos ouvir o país, porque quem sabe são as pessoas que estão pelo país fora a criar riqueza e isso é algo que está no DNA do PSD, é ai que o PSD nasceu e é aí que o PSD tem de construir a sua alternativa”, salientou.

O movimento Acreditar do PSD, que quer ser uma plataforma política de discussão com a sociedade civil, vai ter a primeira iniciativa pública em Coimbra, na próxima segunda-feira, associada a nova edição do “Sentir Portugal” de Luís Montenegro, que o tem levado a passar uma semana por mês em cada distrito do país.

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