A polícia grega informou na semana passada sobre a implementação de dois canhões sonoros no sul e norte do rio Evros, que faz fronteira a leste com a Turquia e porta de entrada usada por inúmeros migrantes.

"Acho que é uma forma estranha de proteger as vossas fronteiras", declarou a comissária europeia de Assuntos Internos Ylva Johansson durante uma conferência de imprensa em Bruxelas após reunião com Mitarachi.

"Não é algo que tenha sido financiado pela Comissão Europeia. E espero que seja conforme os direitos fundamentais, isso deve ser esclarecido", disse a comissária sueca do órgão executivo da União Europeia, que na semana passada expressou a sua "preocupação".

A questão desses canhões, que emitem sons de alta intensidade, não foi tratada na reunião com o ministro grego, que falou sobre a situação de cerca de 10.000 solicitantes de asilo que se encontram atualmente nas ilhas gregas e sobre a construção de novos campos para alojá-los.

Questionado sobre esses canhões na conferência de imprensa conjunta, Mitarachi rejeitou abordar "questões operacionais que cabem à polícia grega". "A nossa posição é usar tecnologias de forma que não violem o direito internacional" para proteger as fronteiras, afirmou.

"Tudo o que fazemos deve ser eficaz e respeitoso com a normativa europeia", acrescentou, dizendo estar disposto a "fornecer informações de nível técnico".

A polícia grega adquiriu este material ultramoderno após o fluxo de migrantes em fevereiro de 2020 quando o presidente turco Recep Tayyip Erdogan anunciou que deixaria passar os migrantes que queriam chegar à União Europeia.

Essas ferramentas, denunciadas como perigosas por organizações dos direitos humanos, podem emitir um som de até 162 decibéis, enquanto uma conversa normal tem uma média de 60 decibéis e um jato cerca de 120, segundo a emissora televisiva grega Skai.