“Sabíamos que havia casos de contaminação no seio da população, na altura com um óbito oficial e que alguns quadros de saúde tinham sido afetados ao Hospital Dr. Ayres de Menezes, mas estávamos longe de imaginar que o nível de contaminação fosse tão elevado”, disse Evaristo Carvalho.

O chefe de Estado são-tomense convocou hoje uma reunião dos órgãos de soberania, o segundo em cinco dias, e convidou representantes em São Tomé e Príncipe da Organização das Nações Unidas (ONU) e da Organização Mundial da Saúde (OMS) para analisar a situação “muito preocupante” da doença no país.

Referindo-se aos resultados de 161 casos comprovados com base nos testes feitos no laboratório do Gana, o chefe de Estado considerou que “o quadro é muito sombrio” e “deveras preocupante”.

“É caso para perguntar quantos casos positivos teriam sido encontrados se tivéssemos testados 1.000 ou 2.000 casos em vez de 312 enviados ao laboratório no Gana?”, questionou Evaristo Carvalho.

“A situação alterou-se profundamente, claro que não me refiro à realidade em si, mas à nossa apreensão da mesma”, lamentou o Presidente são-tomense, que fez “um veemente apelo” à comunidade internacional com vista a criar condições para a instalação de um laboratório no país.

Evaristo Carvalho quer “assegurar que os testes diagnósticos” sejam realizados em São Tomé e Príncipe, de “forma continua”, uma vez que a solução encontrada de “envio de testes para o estrangeiro não parece ser a mais indicada”.

“Igualmente preocupa-me a questão dos ventiladores, bem como a assistência técnica para o seu adequado funcionamento e formação de quadro nacionais para a sua utilização”, acrescentou.

O número de mortes provocadas pela covid-19 em África subiu hoje para 1.959, com mais de 49 mil casos da doença registados em 53 países, segundo as estatísticas mais recentes sobre a pandemia no continente.

Entre os países africanos que têm o português como língua oficial, a Guiné-Bissau lidera em número de infeções (475 casos e dois mortos), seguindo-se a Guiné Equatorial (439 e quatro mortos), Cabo Verde (191 e duas mortes), São Tomé e Príncipe (187 casos e quatro mortos), Moçambique (81), e Angola (36 infetados e dois mortos).

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 257 mil mortos e infetou quase 3,7 milhões de pessoas em 195 países e territórios. Mais de um 1,1 milhões de doentes foram considerados curados.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.