A conferência foi organizada pelo Departamento Político das Nações Unidas e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), tendo reunido chefes de Estado e ministros dos Negócios Estrangeiros de vários países para um balanço sobre a intervenção das Nações Unidas na prevenção de conflitos.

Uma nota da ONU São Tomé enviada à Lusa refere que Carlos Vila Nova e o Presidente da Libéria, George Weah, foram os únicos presidentes africanos convidados a tomar a palavra no evento “por serem considerados casos de sucesso no que concerne à prevenção de conflitos e no seu relacionamento com as Nações Unidas e pelo perfil dos chefes de Estado que simbolizam a nova geração de políticos do continente africano”.

“É uma grande honra para mim, mas também para o povo de São Tomé e Príncipe, tomar a palavra neste evento. É para nós um importante reconhecimento do nosso compromisso com a paz no nosso próprio país, mas também o nosso compromisso com a paz na nossa região e no mundo”, declarou Carlos Vila Nova, na sua mensagem em inglês, justificada por a língua portuguesa ainda não ser oficial na ONU.

Vila Nova realçou a celebração dos “75 anos desta experiência multilateral” das Nações Unidas como “um feito notável” e saudou “a reforma que o secretário-geral [Atónio Guterres] tem vindo a implementar audaciosamente, com o simples propósito de corrigir o que é notoriamente mau e melhorar tudo o que já está a funcionar bem” na ONU.

Contudo, o Presidente da República lamentou que o mundo esteja “a assistir a uma profunda crise do multilateralismo e à eclosão de conflitos locais que põem em risco a estabilidade global”.

“Embora São Tomé e Príncipe seja um país pequeno, somos membros de pleno direito da comunidade internacional, e vemos com grande preocupação as tentativas de nos afastarmos dos princípios do multilateralismo. É por isso que saudamos novas ‘formas de trabalho’ das Nações Unidas, tais como este Programa Conjunto e o Fundo de Desenvolvimento e o Departamento de Política e Paz”, disse o chefe de Estado são-tomense.

Carlos Vila Nova realçou que “felizmente, São Tomé e Príncipe não conheceu guerras, nem conflitos violentos” apesar de ter sofrido “anos de uma colonização severa com décadas de abusos dos direitos humanos”.

“No entanto, estamos perante uma das guerras mais difíceis de combater para a humanidade, a pobreza. E, além disso, temos uma população extremamente jovem a enfrentar o desemprego e com muitos deles a aperceberem-se tristemente de que só podem ter sonhos se emigrarem”, assinalou Carlos Vila Nova.

O Presidente da República sublinhou que “São Tomé e Príncipe é um país pacífico”, mas nos últimos anos tem registado “sinais e ameaças preocupantes a este legado”.

“A nossa paz teve o momento mais ameaçador nas eleições legislativas de 2018, que, embora reconhecidas pelos observadores internacionais como livres e transparentes, deram origem a motins e a um grau de violência nunca registado no país. Estes foram sinais de alerta para as eleições presidenciais de 2021”, recordou o chefe de Estado.

Sobre as tensões registadas nas eleições presidenciais em que foi vencedor entre 19 candidatos, Carlos Vila Nova enalteceu “uma sábia intervenção de prevenção” das Nações Unidas através de “um plano de ação para aproximar as partes” para “restabelecer a confiança mútua” e mediar “os pontos de discórdia que surgiram, até à proclamação dos resultados finais e definitivos pelo Tribunal Constitucional”.

“A lição que se pode retirar deste mecanismo de prevenção é que o conflito não é fatal. Quando devidamente tratado e em tempo oportuno, pode ser evitado”, precisou Carlos Vila Nova, realçando que pela sua própria experiência “o alerta precoce precisa de ser seguido de uma resposta empenhada e precoce” para prevenir conflitos.

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