Maeen Abdulmalik Saeed falava à agência Associated Press, no Palácio Mashiq, em Aden, na primeira entrevista do líder do Iémen aos media internacionais depois de ter sobrevivido ao ataque de quarta-feira que matou pelo menos 25 pessoas e feriu 110 outras.

“Foi um grande ataque terrorista que pretendia eliminar o governo”, disse o primeiro-ministro.

“Foi uma mensagem contra a paz e a estabilidade no Iémen”, acrescentou.

Saeed repetiu as acusações do seu governo de que os rebeldes Huthis do Iémen foram responsáveis pelo ataque com mísseis ao aeroporto e por um ataque com drone ao palácio governamental, pouco depois de o primeiro-ministro e o seu gabinete terem sido transferidos para lá.

O novo governo iemenita foi formado em dezembro para pôr fim a uma perigosa clivagem política com separatistas do Sul que são apoiados pelos Emirados Árabes Unidos.

A rutura interna ameaçou a parceria dos Emirados Árabes Unidos com a Arábia Saudita que está a combater os Huthis no Iémen.

De acordo com o primeiro-ministro, tanto as “técnicas” utilizadas no ataque como os mísseis usados são marcas da estratégia dos Huthis.

O ataque teve lugar momentos depois de um avião que transportava Saeed e os membros do seu gabinete ter aterrado no aeroporto.

Imagens do local mostraram membros da delegação governamental a desembarcar quando a explosão abalou a placa do aeroporto, com muitos ministros a correr de volta para dentro do avião, procurando abrigo.

Saeed disse que três mísseis guiados de precisão tinham atingido as instalações, visando o seu avião, a sala de chegada e a sala VIP do aeroporto.

“A precisão foi grande. A operação foi enorme”, disse.

De acordo com o chefe do Governo, os investigadores iemenitas recolheram restos dos mísseis e peritos da coligação liderada pela Arábia Saudita e pelos EUA ajudarão a determinar o tipo e a origem dos mísseis.

Saeed e o seu recém-formado gabinete regressavam ao Iémen uma semana após terem prestado juramento perante o Presidente do Iémen, Abed Rabbo Mansour Hadi, na capital da Arábia Saudita, Riade, onde reside o líder.

A remodelação do gabinete fez parte de um acordo de partilha do poder entre o Hadi, apoiado pela Arábia Saudita, e o Conselho de Transição Sul-Sul, um grupo de milícias que procura restaurar o Iémen do Sul independente, que existiu desde 1967 até à unificação em 1990.

Saeed garantiu que o seu governo irá dar prioridade à “segurança e estabilidade” nas áreas controladas pelo governo após meses de lutas internas.

“Independentemente dos desafios em Aden, o governo permanece”, disse.

O Governo internacionalmente reconhecido do Iémen exerceu, durante anos de guerra civil no país, num exílio autoimposto na capital saudita.

O Presidente do Iémen, Abed Rabbo Mansour Hadi, também exilado na Arábia Saudita, anunciou uma remodelação do Governo no início deste mês.

O país, pobre e devastado pelos conflitos, formou novo Governo de unidade entre ministros pró-poder e separatistas em 18 de dezembro, sob a égide da Arábia Saudita.

Os dois lados, que disputavam o poder no Sul, são, no entanto, aliados contra os rebeldes Huthi, apoiados pelo Irão, que tomaram grande parte do norte do país, incluindo a capital Sanaa.

Profundas divisões no campo anti-Huthi surgiram nos últimos anos entre apoiantes do Governo e separatistas do Sul, que os acusam de corrupção e conivência com os islâmicos.

A Arábia Saudita intermediou um acordo para partilha do poder no Sul e tem tentando, há mais de um ano, formar um novo Governo de unidade para manter a coligação unida contra os Huthis, que se têm aproximado de Marib, o último reduto do Governo do Norte.

A guerra no Iémen mergulhou o país, o mais pobre da Península Arábica, na pior crise humanitária do mundo, segundo a ONU, com quase toda a população à beira da fome e ameaçada por epidemias.

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