O objetivo deste projeto ibérico, que integra o Programa de Cooperação INTERREG V-A Espanha-Portugal (POCTEP), é simples: acabar com as assimetrias que existem entre as instituições de saúde do Norte de Portugal e da Galiza.

Iniciado em junho de 2017, o CÓDIGOMÁIS, que tem um financiamento de mais de dois milhões de euros, traçou um plano estratégico comum às duas regiões que determina algumas soluções para os sistemas de investigação e de assistência hospitalar.

“De cada um dos lados identificámos as necessidades e fizemos uma análise SWOT cuidadosa, identificando tudo aquilo que são os pontos fortes e fracos, oportunidades e ameaças”, disse, em entrevista à Lusa, Pedro Augusto, professor da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), uma das entidades do consórcio.

Segundo Pedro Augusto, apesar de o plano estratégico delinear soluções para serem postas em prática num espaço temporal de cinco anos, a sua implementação está condicionada pela decisão das “entidades políticas”.

“O objetivo é que, assim que o projeto termine, as entidades políticas, quer de um lado, quer do outro, ao terem conhecimento dele, de alguma forma o implementem. Claro que não os podemos obrigar, mas vamos tentar sensibilizar para a sua concretização no terreno”, frisou.

Aliado ao plano estratégico, foi desenvolvido um “roteiro de valorização de projetos de investigação”, explicou o docente da FMUP, adiantando que até dezembro (data do término do CÓDIGOMÁIS) vão ser implementados nove projetos de empreendedorismo, dos quais pelo menos dois são nacionais.

“Há projetos em que o problema é simétrico às duas regiões”, especialmente no âmbito clínico, salientou Pedro Augusto, acrescentando que, nesse sentido, os projetos vão ao encontro de algumas “necessidades” dos pacientes.

Além de traçar aquele que será o “ecossistema transfronteiriço ideal”, as entidades do projeto desenvolveram também uma plataforma ‘web’, a HIPOD – Health Innovation & Partnership Opportunities Database, que pretende ser “um mercado digital de troca de serviços em saúde” e um espaço de encontro com os utilizadores finais.

“A ideia passa por combinar os nossos resultados efetivos, ao nível dos projetos de empreendedorismo e da base de dados, e depois, junto com o plano estratégico, levá-lo a quem de direito”, disse.

Pedro Augusto adiantou que no âmbito do CÓDIGOMÁIS está também a ser estudada a implementação de um polo de competitividade transfronteiriço, cujo objetivo é juntar a investigação, a inovação, o empreendedorismo e a assistência hospitalar num único local.

“Não tem necessariamente de ser um espaço físico, pode mesmo ser um polo virtual ou ser colocado estrategicamente na área radar das entidades do consórcio”, referiu.

Tal como o polo de competitividade ibérico, as entidades ibéricas preveem também implementar uma Escola Lean HealthCare, modelo que, através de métodos económicos e empresariais inovadores, “melhora e otimiza os sistemas hospitalares”.

Apesar de não ter a certeza do cumprimento de todas as ambições do projeto ibérico no prazo estipulado, Pedro Augusto não dúvida de que a colaboração entre as várias entidades “se vai manter” após o término do CÓDIGOMÁIS.

“O facto de o projeto chegar ao fim em dezembro quer dizer que o financiamento acaba formalmente, mas está longe de dizer que acabaram as colaborações ou que o que foi feito vai cair por terra. Não só os projetos de inovação vão continuar como a base de dados se vai manter”, concluiu.

Além da FMUP, o Centro Clínico Académico Braga, o International Iberian Nanotechonoly Laboratory e o Health Cluster Portugal — Associação do Polo de Competitividade da Saúde fazem parte deste consórcio ibérico.

Por sua vez, a Universidade de Vigo, a Universidade de Santiago de Compostela, a Axencia Galega para a Xestión do Coñecemento en Saúde, o Cluster Saúde de Galicia e o Cluster Tecnoloxico Empresarial das Ciencias da Vida são as entidades espanholas que integram o CÓDIGOMÁIS.

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