Em declarações aos jornalistas no final da reunião da bancada do PSD, Fernando Negrão adiantou que esse foi um dos temas mais debatidos pelos sociais-democratas, na sequência dos vários casos que têm sido conhecidos de nomeações para cargos públicos de familiares de governantes.

“O principal responsável pelo que se está a passar e que está a indignar os portugueses ainda não disse uma palavra aos portugueses, é preciso que o senhor primeiro-ministro diga alguma coisa sobre o que se está a passar”, exigiu.

Para o líder parlamentar do PSD, o número de ligações familiares que tem sido conhecido “é perigoso para o regular funcionamento da democracia”.

“As relações familiares não podem ser preponderantes nas decisões do país, vivemos numa República, não vivemos numa monarquia, alguém tem de prestar esclarecimentos, e esse alguém é o responsável máximo, o primeiro-ministro”, referiu.

Questionado se será possível criar regras que evitem situações semelhantes no futuro, Negrão colocou o tema no plano da ética.

“Eu tenho alguma dificuldade em legislar sobre ética, muita dificuldade. A ética é uma coisa que nos obriga a todos, devemos ter como prioridade o cumprimento das regras de ética, depois então podemos falar sobre legislação”, afirmou.

O líder parlamentar do PSD alertou que “há estudos sobre nepotismo” que apontam que o mais grave das relações familiares no exercício do poder são “os interesses escondidos por trás”.

“Não estou a levantar nenhuma suspeita, só peço ao primeiro-ministro que dê uma palavra aos portugueses”, apelou.

Questionado se os executivos do PSD serão imunes a este tipo de ligações, Negrão admitiu que possa ter acontecido “num caso ou noutro, mas nunca com a dimensão com que está a acontecer com este Governo e este primeiro-ministro”.

A polémica sobre as relações familiares governativas subiu de tom nos últimos dias, com críticas de PSD, CDS-PP e até do BE.

Além das ligações diretas familiares no executivo já há muito conhecidas – Ana Paula Vitorino e Eduardo Cabrita, que são casados, e de José e Mariana Vieira da Silva, pai e filha – têm vindo a ser noticiados vários casos de nomeações de familiares de ministros e secretários de Estado do Governo para gabinetes de governantes e altos cargos públicos.

O caso mereceu também já comentários quer do atual Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, quer do anterior, Cavaco Silva.

Hoje, em declarações ao jornal Público, fonte próxima do primeiro-ministro reagiu à polémica, sobre a qual António Costa ainda não se pronunciou.

“Não há confusão entre família política e política familiar. Isso não faz qualquer sentido e os números das nomeações dos membros do Governo demonstram isso mesmo”, refere ao Público fonte próxima do primeiro-ministro.

A fonte acrescenta que “perigosas e não escrutináveis, e essas sim graves e preocupantes, são as relações que existem com interesses, negócios e setores privados e não vêm publicadas em Diário da República”.

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