“Neste momento, o Orçamento ainda não reprovou, portanto, enquanto isso não estiver claro eu não ponho, como diz o povo, o carro à frente dos bois”, respondeu Rui Rio, em declarações aos jornalistas no parlamento, questionado sobre se iria propor ao Conselho Nacional o adiamento das eleições internas, num cenário de crise política e legislativas antecipadas.

Interrogado se o PSD vai adiar as diretas se houver eleições antecipadas, Rio respondeu que “isso é uma outra questão, que a seu tempo se coloca”, rejeitando responsabilidades na situação criada ao PSD “no caso de amanhã [quarta-feira] o Orçamento não passar” na generalidade.

“Eu não tenho qualquer responsabilidade na situação criada ao PSD no caso de amanhã o Orçamento não passar, não tenho responsabilidade nenhuma, fiz aquilo que estava ao meu alcance, avisei. Eu tenho muitos anos já de experiencia politica, avisei isso, e eu percebi perfeitamente que esta situação não era a mesma dos outros orçamentos”, sustentou.

“Custa-me até acreditar que quem tenha o mínimo de experiência política não tivesse percebido isso logo, olhe, foi assim”, aditou.

Rio acrescentou que, caso o Orçamento não passe, não tem nada a dizer, uma vez que a viabilização não depende do PSD, parecendo-lhe "impossível passar porque alguém tinha que perder fortemente a cara, ou o PCP ou o BE, ou o PS ou o Governo"

“Esta maioria parlamentar é muito periclitante e neste momento acho que acabou”, considerou o presidente do PSD.

Para o líder dos sociais democratas, caso haja eleições legislativas antecipadas, é preciso “construir uma maioria de forma cimentada e séria”, diferente do que aconteceu “no mandato anterior e agora”.

“O que me parece evidente é que aquilo que o senhor Presidente da República tem dito é obvio: uma vez que há crise, ou havendo crise, o OE chumbando, temos que resolver o problema o mais depressa possível”, acrescentou.

Rio lembrou que o partido decidiu votar contra o Orçamento que, “sendo mau, ainda pior ficava se fossem acolhidas aquilo que eram as permanentes exigências do PCP e do Bloco de Esquerda, que o fazem legitimamente no seu ângulo de visão” mas para o PSD, “em termos políticos, é exatamente o contrário do que o país precisa”.

“O que o país precisa é de apoiar a produção e a criação de riqueza e, depois de ter mais criação de riqueza, então distribuí-la. Aquilo que este governo faz é ao contrário: distribui para além do que aquilo que ele próprio tem e por isso é que continuamos com uma dívida pública que está sempre a crescer, que vai empenhando o nosso futuro”, argumentou.

Entre um orçamento que cada vez agrava mais esta situação, sustentou, “que vai no sentido anterior, mas ainda mais reforçado, então se acordo à esquerda houvesse ainda pior, obviamente que para o país é melhor não haver orçamento do que haver este orçamento”, vincou.

Em 14 de outubro, o Conselho Nacional do PSD chumbou (com 71 votos contra e 40 a favor) uma proposta da direção para suspender a marcação do calendário eleitoral interno, proposto na véspera pela própria Comissão Política Nacional, e avançou para a marcação de eleições diretas em 04 de dezembro e congresso entre 14 e 16 de janeiro.

Até agora, há dois candidatos à liderança, Rui Rio e o eurodeputado Paulo Rangel, que tem defendido que, a haver eleições antecipadas no país, o líder do PSD ganha em ir legitimado com uma vitória nas diretas no partido, que ocorrem dentro do calendário ordinário (de dois em dois anos).

O tema deverá marcar a campanha eleitoral interna se se confirmar o ‘chumbo’ do Orçamento do Estado para 2022 já na votação na generalidade, que o Presidente da República já disse que conduzirá a um cenário de dissolução do parlamento.