Mário Nogueira continuará a ser secretário-geral da Federação Nacional de Professores (Fenprof), mas terá dois adjuntos, na sequência de uma alteração dos estatutos que permite uma coordenação colegial, anunciou hoje à próprio à agência Lusa.

Nos últimos dois anos, o maior desafio de Mário Nogueira foi a pandemia de covid-19 e as limitações impostas a quem sempre foi um dos rostos da luta dos professores.

Corresponsável pela maior manifestação da classe docente em Portugal, Mário Nogueira liderou em 2008 o protesto que encheu as ruas de Lisboa com mais de cem mil docentes contra a então ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues.

Os protestos nas ruas e em frente a vários ministérios, em especial o da Educação, só abrandaram durante o período mais critico da pandemia de covid-19.

Mas o vírus não fez abrandar a ação sindical. De casa, através de telemóveis e computadores, a luta pelos direitos de quem trabalha nas escolas continuou a fazer-se.

O outro desafio dos últimos anos foi, nas palavras do próprio Mário Nogueira, ter encontrado “um muro” no momento de negociar com a anterior equipa ministerial, liderada por Tiago Brandão Rodrigues.

Dele se escreveu, em 2016, que era brando com o Governo de então, “um disciplinado quadro do PCP” que nunca poria em risco um executivo estabelecido com o apoio do partido.

Mas, em 2019, na reta final da legislatura, acabou por protagonizar a crise política que levou o primeiro-ministro, António Costa, a ameaçar demitir-se, caso a Assembleia da República aprovasse as reivindicações dos professores para a contagem integral do tempo de serviço prestado (9 anos, 4 meses e 2 dias), no âmbito do descongelamento da carreira.

Natural de Tomar, vive entre Lisboa e Coimbra. Diz que não tem tempos livres, que os passa na estrada a conduzir e a pôr os telefonemas em dia. Gosta de discutir futebol com os jornalistas, especialmente quando os resultados do Sporting são positivos.

Da ´play-list´ que roda entre Lisboa e Coimbra fazem parte a brasileira Maria Rita, o português José Mário Branco e algum jazz, além da banda de rock formada em Londres nos anos 60, cujo álbum de eleição é “The Dark Side of the Moon”.

Na véspera de reuniões importantes prefere viajar em silêncio, concentrado na estratégia que levará à mesa negocial, na forma como vai conduzir a reunião, tentando antecipar reações e ponderando o que poderá deixar cair, face a matéria mais relevante.

Mário Oliveira Nogueira nasceu em janeiro de 1958. Professor do 1.º Ciclo, dedica-se em exclusivo à atividade sindical. No currículo tem dois mandatos autárquicos como deputado municipal em Coimbra e 17 anos como dirigente desportivo da Académica, onde chegou pela mão do filho e exerceu funções de presidente da Secção de Patinagem (hóquei).

Tem assento como conselheiro, designado pelas organizações sindicais, no Conselho Nacional de Educação (CNE), órgão consultivo do Governo.

Em momentos cruciais da luta dos professores funciona em plataforma com outros sindicatos, nomeadamente a Federação Nacional da Educação (FNE), dirigida pelo social-democrata João Dias da Silva.

São conhecidos pelos perfis antagónicos: Dias da Silva um moderado e Mário Nogueira um radical.

O líder da FNE não costuma alargar-se em comentários sobre o homólogo da Fenprof, mas reconhece-lhe “capacidade de trabalho e organização”.

Entre as leituras, o secretário-geral da Fenprof guarda “Nemesis”, de Philip Roth, um autor que aprecia, e “O Tatuador de Auschwitz” (Heather Morris), porque gosta de ler “sobre coisas que aconteceram”.

Confessa-se adepto de caminhadas e de “umas corridinhas” no pouco tempo que lhe sobra. É raro o dia em que a Fenprof não emite um comunicado.

Mário Nogueira fala diretamente com os jornalistas, cujos números tem gravados no telemóvel.

Pelos seus mandatos na liderança da Fenprof passaram já seis ministros da Educação: Maria de Lurdes Rodrigues, Isabel Alçada, Nuno Crato, Margarida Mano, Tiago Brandão Rodrigues e agora João Costa.

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