Em declarações divulgadas hoje pelo jornal The Sun, citadas pela EFE, a primeira-ministra voltou a justificar o polémico programa com o qual pretende promover o crescimento económico no Reino Unido, que tem causado instabilidade nos mercados e afundado a libra.

“Vou fazer as coisas de forma diferente. Isso implica tomar decisões difíceis e implica [causar] alterações de curto prazo”, reconheceu Truss ao jornal.

A líder conservadora também reiterou o seu compromisso de “fazer a economia crescer” com medidas para estimular o crescimento em oito áreas: regulação de negócios, agricultura, habitação e planeamento, imigração, conexões móveis e de banda larga, serviços financeiros, creches e energia.

Truss também disse ao tabloide que manterá “um punho de ferro sobre as finanças nacionais”.

Quando o governo britânico revelou os detalhes do chamado “mini orçamento”, com cortes maciços de impostos, não apresentou, como é habitual neste tipo de declaração, os balanços económicos para a economia do país, algo que preocupou investidores e obrigou o Banco de Inglaterra a intervir, anunciando uma compra de emergência de títulos soberanos.

Até agora, a primeira-ministra rejeitou pedidos de vários setores para reverter os cortes, embora tenha indicado, esta semana, que divulgará as perspetivas do órgão fiscalizador do país, o Gabinete de Responsabilidade Orçamental [Office of Budget Responsibility, OBR], em 23 de novembro, no mesmo dia em que se espera que o ministro das Finanças, Kwasi Kwarteng, divulgue mais planos para a economia.

O plano de Liz Truss prevê a reversão do aumento da contribuição para a Segurança Social, em vigor desde abril e o cancelamento da subida prevista para os impostos sobre as empresas.

O plano contempla ainda a extinção, em 2023, do escalão superior de 45% dos impostos sobre os rendimentos de pessoas singulares, a descida de 20% para 19% no escalão mais baixo e um desconto imediato no imposto sobre a compra de habitação.

O custo da maior intervenção fiscal em décadas foi estimado em cerca de 45.000 milhões de libras (51.000 milhões de euros), ao qual acresce 60.000 milhões de libras (68.000 milhões de euros) do pacote de apoio para a energia só nos primeiros seis meses, tudo suportado pelo Estado.

Estas medidas não foram acompanhados por previsões económicas independentes do OBR nem planos para reduzir a despesa, o que levantou dúvidas de economistas e agências de ‘rating’ sobre a sustentabilidade da dívida pública, atualmente em 96,6% relativamente ao Produto Interno Bruto (PIB).

Os juros da dívida britânica a 10 anos já aumentaram 325% este ano, tornando muito mais caro ao governo vender obrigações para financiar políticas.

A estratégia do Governo também foi criticada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), que alertou para o risco de acelerar a inflação, que desceu para 9,9% em agosto, o que poderá levar o Banco de Inglaterra a subir novamente as taxas de juro de referência, hoje nos 2,25%.

Como consequência, vários bancos retiraram do mercado centenas de produtos de crédito à habitação nos últimos dias devido à expectativa de analistas e economistas que as taxas de juro possam subir até 6% no próximo ano

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