“Tendo em conta a aplicação continuada de sanções por parte do Reino Unido contra representantes dos círculos políticos e sociais, operadores económicos e meios de comunicação social russos, tomou-se a decisão de incluir na ‘lista negra’ russa uma série de políticos, empresários e jornalistas britânicos”, anunciou o Ministério dos Negócios Estrangeiros russo.

Entre os sancionados, encontra-se o ex-primeiro-ministro britânico David Cameron, além de deputados, ministros e vice-ministros, empresários, representantes da Câmara do Comércio, jornalistas e ‘pivots’ da imprensa britânica.

“[As pessoas sancionadas] apoiam a trajetória hostil de Londres, centrada em demonizar o nosso país e procurar o seu isolamento internacional”, indicou o MNE russo.

“Como sublinhámos em diversas ocasiões, as ações fatais do Reino Unido com o fim de implantar a russofobia, difundir informações falsas sobre o nosso país e apoiar o regime neonazi de Kiev contarão com uma resposta adequada e decidida do lado russo”, sustentou a entidade diplomática russa.

Moscovo indicou que “a opção em favor do confronto é uma decisão consciente do ‘establishment’ político britânico, que tem a total responsabilidade das consequências”.

Esta não é a primeira extensão da ‘lista negra’, já que em meados de junho Moscovo nela incluiu outros 29 jornalistas e diretores de órgãos de comunicação social britânicos pela sua atitude em relação à “operação militar especial” russa na Ucrânia.

Em meados de maio, a Rússia proibiu a entrada no país do então primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, e de mais 12 altos responsáveis, entre os quais nove membros do seu Governo.

Johnson, um dos maiores apoiantes do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, deslocou-se a 09 de abril a Kiev, onde anunciou um novo pacote de ajuda militar à Ucrânia para combater a invasão russa.

Moscovo sancionou ainda 154 membros da Câmara dos Lordes (câmara alta do parlamento britânico), entre os quais o respetivo presidente, John McFall, em resposta à inclusão de quase todo o Senado russo numa lista negra do Reino Unido.

Em finais de março, a Rússia sancionou 287 deputados da Câmara dos Comuns em resposta à decisão de Londres de impor sanções a 386 deputados da Duma russa.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de cerca de 16 milhões de pessoas de suas casas — mais de seis milhões de deslocados internos e quase dez milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Também segundo as Nações Unidas, cerca de 16 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.

A invasão russa — justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que está a responder com o envio de armamento para a Ucrânia e a imposição à Rússia de sanções que atingem praticamente todos os setores, da banca e da energia ao desporto.

A ONU confirmou que 5.237 civis morreram e 7.035 ficaram feridos na guerra, que hoje entrou no seu 159.º dia, sublinhando que os números reais deverão ser muito superiores e só serão conhecidos quando houver acesso a zonas cercadas ou sob intensos combates.