A administração da Carris iniciou hoje com os sindicatos representativos dos trabalhadores a negociação para o Acordo de Empresa para 2022 e as atualizações salariais.

No final da reunião, em declarações à agência Lusa, Manuel Oliveira, do SNMOT, referiu que a administração da Carris “manifestou uma postura contraditória”, uma vez que “alegou que ainda não tinha o orçamento aprovado”, mas apresentou uma proposta “insatisfatória” (aumento de 10 euros).

“A reunião decorreu de uma forma confusa e contraditória. Primeiro [a administração] faz uma resenha da realidade da Carris, relativamente aos passageiros transportados e receitas e também ao facto de não ter orçamento aprovado. No final apresenta uma proposta para atualização salarial. Ora, se não tem orçamento é sinal que não sabe o que pode vir a ter para apresentar como tabela salarial”, observou.

O SNMOT defende, pelo menos, um aumento semelhante àquele que ocorreu com o salário mínimo nacional, de 40 euros (6%).

“Nós queremos o aumento, mais do que justo, na Carris. Queremos contribuir para que o aumento médio do salário em Portugal possa subir em consonância com as declarações do nosso primeiro-ministro (António Costa) e do dr. Rui Rio”, argumentou.

Em discussão nesta reunião estiveram também as propostas da Câmara Municipal de Lisboa relativas a desconto no estacionamento para residentes e a gratuitidade nos transportes públicos para jovens e idosos, medidas que levantam muitas reservas aos sindicatos.

Em causa está o cumprimento de uma promessa eleitoral da coligação PSD/CDS-PP/MPT/PPM/Aliança, liderada pelo agora presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, que ganhou as eleições autárquicas de setembro passado, e que visa garantir passes gratuitos para os transportes públicos dentro da cidade a qualquer menor de idade, estudantes até aos 23 anos e pessoas com mais de 65 anos.

Outras das promessas eleitorais da candidatura de Moedas que avançam este ano são os descontos de 50% no estacionamento em toda a cidade para os residentes em Lisboa.

“Eu disse à administração da Carris que jamais autorizarei que estas medidas sejam implementadas pela Câmara de Lisboa à custa dos trabalhadores da Carris. Não irão ser os trabalhadores a custear estas medidas, nomeadamente a gratuitidade do acesso ao transporte público e os descontos no estacionamento”, sublinhou.

A Lusa contactou fonte oficial da Carris para obter uma reação da administração, mas não obteve resposta.

Entretanto, Manuel Oliveira avançou que está agendada para sexta-feira uma reunião entre alguns sindicatos da Carris para se fazer um balanço da reunião e “discutir a eventualidade de se ouvirem os trabalhadores” num plenário geral centralizado.

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