“Incorporando a vontade e o desejo comum de estabelecer relações a todos os níveis, a República Árabe Síria decidiu reconhecer a independência e a soberania da República Popular de Lugansk e da República Popular de Donetsk”, disse uma fonte do Governo sírio à agência noticiosa oficial SANA, citada pelas agências russa TASS e espanhola EFE.

A mesma fonte não identificada, como é habitual em tais anúncios na Síria, segundo a EFE, disse que Damasco vai iniciar conversações com os dois territórios sobre o estreitamento dos laços e das relações diplomáticas.

A chefe da diplomacia de Donetsk, Natalia Nikonorova, disse, na terça-feira, que as relações do território com a Síria estão a desenvolver-se em vários campos.

“Os dois países estão a cooperar em muitos campos, incluindo a educação, medicina e ciência, bem como o desenvolvimento das relações políticas entre ambos”, afirmou Nikonorova, citada pela TASS e pela SANA.

Em 16 de junho, o Presidente sírio, Bashar al-Assad, recebeu uma delegação de representantes da Rússia e de Donetsk em Damasco para discutir a situação na região do Donbass, onde separatistas pró-russos e o governo da Ucrânia estão em guerra desde 2014.

Durante a reunião, as duas partes discutiram a possibilidade de intensificarem as relações e a delegação entregou a Al-Assad uma carta do líder da autoproclamada república de Donetsk, Denis Pushilin, sobre o processo.

A Rússia anunciou o reconhecimento da independência de Donetsk e de Lugansk dias antes de invadir a Ucrânia, em 24 de fevereiro, para “desmilitarizar e desnazificar” o país vizinho.

O Presidente russo, Vladimir Putin, disse na altura que estava a responder a um pedido de ajuda dos dirigentes separatistas de Donetsk e Lugansk, e acusou o regime de Kiev de alegado genocídio das populações russófonas do Donbass.

A Síria já tinha manifestado o seu apoio ao reconhecimento das duas repúblicas por parte de Moscovo.

A Rússia tem vindo a intervir militarmente no conflito sírio a favor de Al-Assad desde 2015 e é um dos principais aliados do país árabe.

Desde o início da guerra na Ucrânia, Damasco tem mantido uma posição oficial de apoio absoluto à invasão, considerando ser necessário “restaurar o equilíbrio” do poder mundial.