Em comunicado enviado às redações, o SNMOT informou ter reunido, na quinta-feira, com a Câmara Municipal de Lisboa (CML), responsável pela gestão da Carris, que acusa de “ignorar os trabalhadores” ao “não responder aos ofícios enviados” pela estrutura sindical.

O SNMOT deu a conhecer à CML a proposta que apresentou à empresa pública de transporte rodoviário da capital para as atualizações salariais para todos os trabalhadores “num encargo anual de cerca de três milhões de euros, cerca de 214 mil euros por mês”.

“Este encargo é cerca de 1/5 do que a CML irá suportar com as medidas que anunciou relativas ao transporte coletivo de passageiros e ao estacionamento das viaturas particulares na cidade de Lisboa”, sustenta o sindicato.

A Câmara Municipal de Lisboa espera ter em vigor este ano os passes gratuitos para idosos e estudantes até aos 23 anos, prevendo que a medida custe 12 milhões de euros em 2022.

Em causa está o cumprimento de uma promessa eleitoral da coligação PSD/CDS-PP/MPT/PPM/Aliança, liderada pelo agora presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, que ganhou as eleições autárquicas de setembro passado, e que visa garantir passes gratuitos para os transportes públicos dentro da cidade a qualquer menor de idade, estudantes até aos 23 anos e pessoas com mais de 65 anos.

Outras das promessas eleitorais da candidatura de Moedas que avançam este ano são os descontos de 50% no estacionamento em toda a cidade para os residentes em Lisboa.

Segundo o vice-presidente da câmara, Filipe Anacoreta Correia (CDS-PP), o desconto de 50% no estacionamento cobrado pela empresa municipal EMEL a residentes na cidade vai custar 2,5 milhões de euros em 2022 à câmara.

O SNMOT destaca que “a soma dos dois encargos fruto das medidas a implementar pela CML, ascendem a 14,5 milhões por ano, ou seja, cerca de 1.208 milhões euros por mês”.

“O SNMOT não questiona a bondade das medidas da CML, mas vai dizendo que os descontos anunciados para os estacionamentos dentro da cidade de Lisboa, irão inevitavelmente contribuir para uma promoção do uso do transporte individual em detrimento do uso dos transportes coletivos de passageiros”, defende.

A estrutura sindical argumenta que “bastaria que esta medida não fosse implementada para atualizar os vencimentos dos trabalhadores da Carris, na proporção apresentada”.

“Os trabalhadores da Carris não são contra as medidas que favoreçam terceiros, desde que essas medidas não sejam feitas e suportadas à custa dos trabalhadores da Carris, nomeadamente através da não atualização de salários, ou atualizações de valor irrisório”, frisa a nota.