Segundo um comunicado, Sara Hossain (Bangladesh), que preside a missão, Shaheen Sardar Ali (Paquistão) e Viviana Krsticevic (Argentina) formam o grupo cuja principal tarefa é recolher e analisar provas de violações dos direitos humanos no quadro da repressão aos protestos.

Hossain é advogada no Supremo Tribunal do Bangladesh e colaborou, no passado, na investigação da ONU sobre abusos na Coreia do Norte, Sardar Ali foi vice-presidente do Grupo de Trabalho da ONU sobre Detenções Arbitrárias, e Krsticevic é diretora executiva do Centro de Direito e Justiça Internacional, uma organização civil para a promoção dos direitos humanos no continente americano.

As nomeações foram confirmadas hoje pelo atual presidente do Conselho, o embaixador argentino Federico Villegas.

A criação da missão foi aprovada a 24 de novembro no Conselho de Direitos Humanos com 25 votos a favor, 16 abstenções e seis contra, entre eles o da China.

Nesse mesmo dia, a diretora internacional da Vice-Presidência da Mulher e Família do Irão, Khadijeh Karimi, avisou que o Governo iraniano não reconhecerá o papel da missão nem colaborará com ela.

Os protestos no Irão começaram com a morte, a 16 de setembro, de Mahsa Amini, uma jovem curda de 22 anos que fora detida três dias antes pela polícia da moralidade, que a manteve sob custódia, sob a acusação do uso indevido do ‘hijab’, o véu islâmico.

Os protestos, entretanto, evoluíram e agora os manifestantes, principalmente os jovens, pedem o fim da República Islâmica, fundada pelo ayatollah Ruhollah Khomeini em 1979 e liderada hoje por Ali Khamenei.

Após três meses de mobilizações, com mais de 400 mortos e milhares de detenções, as autoridades começaram a executar manifestantes para tentar controlar as mobilizações, protagonizadas principalmente por jovens e mulheres.

O Irão anunciou 11 sentenças de morte por envolvimento em “motins” e acusa “inimigos estrangeiros”, incluindo Estados Unidos e Israel, de estarem a fomentar a sublevação.

Segundo a Amnistia Internacional (AI), além das 11 pessoas já condenadas, 15 são indiciadas por crimes puníveis com pena de morte.

Grupos de direitos humanos acreditam que os procedimentos legais foram forjados e estão preocupados com as confissões obtidas sob tortura.

Segundo a ONU, as autoridades do regime teocrático iraniano já prenderam cerca de 14 mil pessoas desde meados de setembro, enquanto a organização Iran Human Rights (IHR), com sede em Oslo, dá conta da morte de pelo menos 469 manifestantes.

As autoridades reportaram oficialmente mais de 200 mortes, incluindo membros das forças de segurança, desde o início dos protestos.