Alpha, Beta, Gamma e Delta. Estas são as chamadas variantes de preocupação, de acordo com as autoridades de saúde. Contudo, não são as únicas: existem centenas de mutações do SARS-CoV-2 detetadas durante a pandemia.

Em Portugal, a variante Alpha, associada ao Reino Unido, foi a primeira a ter uma elevada prevalência — estima-se que, em maio, tenha sido responsável por quase 90% dos casos de infeção no país. Porém, atualmente as atenções viram-se para a variante Delta, inicialmente detetada na Índia.

Considerada mais transmissível, esta variante está já presente em 23 países europeus — e o nosso é dos que menos sequencia amostras covid-19, segundo dados hoje divulgados pelo Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças. A título de exemplo, este organismo refere que, por cá, foi sequenciado o equivalente a entre 1 a 59 amostras, enquanto a maioria dos países sequenciou entre 60 a 499 amostras e até mais de 500.

Entre todas as voltas e números da pandemia, os alarmes soaram hoje mal se falou de uma variante "Delta Plus", que a Índia garantiu estar já em Portugal. Será uma nova variante? Mais contagiosa ou perigosa?

Ao SAPO24, fonte do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) confirmou que esta é "a variante Delta (anteriormente referida como indiana) que sofreu uma mutação adicional (plus), daí ser referida como Delta Plus, tratando-se assim da variante identificada pela primeira vez na Índia que teve uma mutação adicional [a mutação K417N] e que na altura foi apelidada de nepalesa". Ou seja, não é uma nova variante — apenas uma que já se conhecia, com outro nome. E já tão conhecida que foi a responsável por Portugal sair da "lista verde" do Reino Unido.

Apesar do alerta, talvez não haja ainda motivos para preocupações acrescidas. O investigador Miguel Castanho considera que, pela transmissão minoritária em Portugal, tal não é necessário. Além disso, os dados indiciam que pode não ser tão contagiosa. Todavia, a ministra da Saúde, Marta Temido, sublinhou a importância de haver cautela face à disseminação da variante Delta Plus.

"As mutações dos vírus são fenómenos expectáveis e, naturalmente, que temos de agir com prudência e observação", frisou, lembrando que é necessário "continuar a seguir com atenção a evolução dessas mutações do vírus e a sua presença em Portugal".

Por isso, é importante recordar que "enquanto não tivermos conseguido superar esta pandemia de uma forma total, estaremos expostos às mutações e a novas variantes". E, mais do que isso, que é necessário "manter sempre a mesma prudência de manutenção de medidas não farmacológicas de proteção individual, porque é a melhor forma de nos protegermos neste contexto de extraordinária incerteza".