O cidadão bielorrusso Vitali Shishov, desaparecido desde ontem, foi encontrado morto num dos parques de Kiev, perto do local onde residia. Num comunicado, a polícia ucraniana adianta que o cenário aponta para a morte por asfixia, mas, segundo uma das hipóteses investigadas, pode tratar-se de um caso de "assassínio camuflado como suicídio".

Shishov, que dirigia a organização "Casa Bielorrussa na Ucrânia", uma ONG de ajuda aos cidadãos da Bielorrússia que fugiram do país, saiu para correr na segunda-feira de manhã em Kiev e não regressou a casa.

A ONG de Shishov acusou o regime do presidente bielorrusso Alexander Lukashenko de estar por trás da morte de Vitali Shishov.

"Não há nenhuma dúvida de que é uma operação planeada pelos 'chekistas' (termo para designar as forças de segurança bielorrussas) para liquidar um bielorrusso que representavam um verdadeiro perigo para o regime", afirmou a organização "Casa Bielorrussa na Ucrânia" na sua conta no Telegram.

A ONG bielorrussa de defesa dos direitos humanos Viasna informou no Telegram que, segundo amigos de Shishov, ele já tinha sido seguido por "desconhecidos" durante as suas corridas.

Vários bielorrussos fugiram do país e seguiram especialmente para a Ucrânia, Polónia e Lituânia, num período de intensa repressão da oposição ao regime de Lukashenko, que governa desde 1994 a ex-república soviética.

O caso de Vitali Shishov aconteceu um dia depois do incidente nos Jogos Olímpicos de Tóquio com a atleta bielorrussa Kristina Tsimanuskaya, que afirmou ter sido obrigada a abandonar a competição e foi ameaçada de ser enviada de volta ao país depois de ter criticado a federação de atletismo nas redes sociais.

A velocista de 24 anos refugiou-se na embaixada da Polónia, país que concedeu visto humanitário na segunda-feira.

O histórico movimento de protesto após as eleições na Bielorrússia no ano passado foi reprimido com várias detenções, exílios forçados de opositores e o desmantelamento de muitas ONGs e meios de comunicação independentes.