A monumentalidade da Praça do Império, em Lisboa, é o palco de partida da 82.ª edição Volta a Portugal Santander. “A Volta do Regresso”, conforme é apelidada, estará na estrada de 4 até 15 de agosto. Arranca com um prólogo em Lisboa, Capital Europeia do Desporto 2021, e termina em contrarrelógio em Viseu, cidade das Rotundas, na Avenida Europa. William Bjergfelt (SwiftCarbon) é o primeiro ciclista na estrada (às 15h20). Duas horas e cinco minutos depois, Amaro Antunes (W52 Porto), vencedor da edição 81 da Volta, inicia os 5,4 quilómetros do arranque da prova.

Entre as duas cidades, Lisboa e Viseu, os 126 ciclistas e 18 equipas pedalam 1.568,2 Km durante 10 etapas, com direito a um dia de descanso (9 de agosto), na Guarda, cidade mais alta do país. A caravana terminará cinco etapas no alto, com destaque para a chegada à Torre (categoria especial), Serra do Larouco, segundo ponto mais alto de Portugal Continental (1.503 metros) e Senhora da Graça (Monte Farinha) — atribui 4 Prémios de 1.ª categoria e contabiliza 33 contagens de Prémios de Montanha.

Os números da Volta

  • 1568,2 quilómetros
  • 10 etapas
  • Etapa mais longa: 193,2 quilómetros, Felgueiras-Bragança (7.ª)
  • 1 dia de descanso (9 de Agosto, Guarda)
  • 18 equipas, 9 estrangeiras e 9 nacionais
  • 126 corredores
  • Dois contra-relógios individuais (Prólogo, Lisboa e última etapa, Viseu), 27 metas volantes e 33 prémios de montanha
  • 4 Contagens de 1.ª categoria, 5 Contagens de 2.ª categoria, 13 Contagens de 3.ª categoria, 10 Contagens de 4.ª categoria e 1 Contagem de Categoria Especial – Torre, chegada mais alta

Joaquim Gomes, diretor da prova, relativiza o eventual peso da montanha no traçado. “A dureza de uma Volta mede-se em muitos outros parâmetros. E a esse nível será sempre uma grande prova por etapas, realizada numa altura de grande calor e em que acaba por exigir muito aos seus participantes”, disse, numa mensagem áudio. “Uma coisa tenho a certeza: com mais ou menos chegadas em montanha, esta edição, em particular, deverá obrigatoriamente apresentar no final, em Viseu, o homem mais forte desta corrida”, sustentou.

O prólogo da capital, 1.ª etapa (Torres Vedras-Setúbal) e a 5.ª etapa (Águeda-Santo Tirso) são o oásis de litoral na viagem pelo interior do país. Na cidade do Oeste a caravana testemunhará a inauguração do Museu Joaquim Agostinho. Para além de um espólio que inclui camisolas amarelas e objetos de Agostinho e de outros nomes grandes do ciclismo do Oeste, João Roque, Marco Chagas e Joaquim Gomes, o espaço museológico mostra a fatídica bicicleta com que o mais famoso ciclista português sofreu a queda mortal em Faro, no dia 10 de maio de 1984 (Volta ao Algarve).

94 anos depois da primeira edição da Volta a Portugal em Bicicleta (1927), a mais importante prova velocipédica nacional continua a apresentar estreia de cidades. Desta vez, a honra cabe a Ponte de Sor. A capital da inovação da indústria aeronáutica situada no Alto Alentejo, distrito de Portalegre, estreia-se nas partidas das duas rodas, na 2.ª etapa, a 6 de agosto, graças a uma parceria conjunta com os municípios do Crato, Portalegre, Castelo de Vide e Nisa.

O dia reservado em exclusivo a rolar no Minho (Viana do Castelo-Fafe) antecederá a etapa mais longa, 193,2 quilómetros, entre Felgueiras e Bragança.

As 10 Etapas

  • 04 ago: Prólogo, Lisboa – Lisboa, 5,4 km (CRI).
  • 05 ago: 1.ª Etapa, Torres Vedras – Setúbal, 175,8 km.
  • 06 ago: 2.ª Etapa, Ponte de Sor – Castelo Branco, 162,1 km.
  • 07 ago: 3.ª Etapa, Sertã – Covilhã (Torre), 170,3 km.
  • 08 ago: 4.ª Etapa, Belmonte – Guarda, 181,6 km.
  • 09 ago: Dia de Descanso.
  • 10 ago: 5.ª Etapa, Águeda – Santo Tirso (Senhora da Assunção), 170,9 km.
  • 11 ago: 6.ª Etapa, Viana do Castelo – Fafe, 182,4 km.
  • 12 ago: 7.ª Etapa, Felgueiras – Bragança, 193,2 km.
  • 13 ago: 8.ª Etapa, Bragança – Montalegre (Serra de Larouco), 160,7 km.
  • 14 ago: 9.ª Etapa, Boticas – Mondim de Basto (Senhora da Graça), 145,5 km.
  • 15 ago: 10.ª Etapa, Viseu – Viseu, 20,3 (CRI)
    • Total: 1568,2 quilómetros.

A questão pandémica e os estrangeiros da 1.ª liga de regresso 11 anos depois

No ano passado, a prova de agosto foi empurrada para uma “Especial” em outubro devido à situação sanitária. A questão pandémica da Covid-19 continua a marcar a Volta a Portugal. “Depois do calvário de mais de um ano e meio que afastou a Volta a Portugal de cumprir um dos seus maiores requisitos, que é, no verão, constituir-se como o principal evento e o mais popular, que leva o colorido a casa das pessoas, esperamos, finalmente, neste agosto, dar um pouco esse 'cheirinho' de normalidade às pessoas”, sublinhou Joaquim Gomes, diretor da Volta a Portugal Santander, durante uma apresentação realizada via Zoom.

Apesar deste desejo de regresso à normalidade, a questão do Covid-19 irá acompanhar a caravana. Apesar de aplaudida livremente ao longo das estradas, o público da Volta será mantido à distância nas zonas de partida e nas metas. O acompanhamento pela televisão (RTP) será sempre a alternativa aos amantes da prova velocipédica.

A presença da Movistar, equipa espanhola da World Tour, 19 anos depois da última participação, é uma nota de destaque desta edição da Volta a Portugal em Bicicleta. A juventude impera no regresso de um bloco do escalão máximo do ciclismo mundial às estradas portuguesas 10 anos depois da Lampre. Das restantes oito equipas estrangeiras, as segundas linhas são a norma nos sete nomes que compõe os conjuntos.

Espanha apresenta-se com 5 equipas: Movistar, Caja Rural, Euskaltel-Euskadi, Burgos-BH e Kern Pharma. Bingoal-Wallonie Bruxelas (Bélgica), Rally Cycling (EUA), UCI Proteams e Israel Cycling Academy (Israel) e SwiftCarbon (Gbr), equipas UCI Continental, fecham os estrangeiros em prova.

Portugal apresenta nove equipas Continentais: W52-FC Porto, Efapel, Tavfer-Measindot-Mortágua, Louletano-Loulé Concelho, Antarte-Feirense, Kelly-Simoldes-Udo, Radio Popular-Boavista, LA Alumínios-LA Sport e Atum General-Tavira- M. N. Hotel.

As portuguesas W52-FC Porto, vencedora das últimas cinco edições — composta por Amaro Antunes, João Rodrigues e Joni Brandão —, e a Efapel são as equipas que se perfilham na luta pelos pódios.

Dia 15, o contrarrelógio de 20,3 quilómetros na terra de Viriato, recetora pela 27.ª vez da mais importante prova velocipédica nacional, determinará o sucessor de dois ciclistas, conforma a leitura que se faça da contabilidade de edições: João Rodrigues (W52-Porto), vencedor da 81.ª edição, em 2019, prova que ligou Viseu ao Porto; ou de Amaro Antunes, vencedor da edição “Especial”, em setembro-outubro de 2020 (Fafe-Lisboa), prova organizada pela Federação Portuguesa de Ciclismo e, até à data, não contabilizada para efeitos estatísticos.