O maiorquino da Suzuki, de 23 anos, herdou o cetro de ‘rei’ do MotoGP em 2020, ano em que esteve ausente o catalão, campeão em 2013, 2014, 2016, 2017, 2018 e 2019, que vai regressar no Grande Prémio de Portugal, terceira prova da temporada.

“Não me assusta, não creio que seja diferente do ano passado. Ele quer ganhar, seguramente vai ser um rival muito difícil de bater. A Honda funciona, ele também, resta saber em que ponto está Márquez. Essa é a pergunta, mas eu tenho de fazer a minha corrida, estar concentrado em mim e em obter o máximo que conseguir”, afirmou o campeão do mundo, em declarações à agência Lusa.

Mir chega à corrida portuguesa no sexto lugar da classificação de pilotos, com 22 pontos, menos 18 do que o líder, o francês Johann Zarco (Ducati), após um quarto e um sétimo lugares nas duas primeiras provas do ano, ambas disputadas no circuito de Losail, no Qatar.

“As expetativas são altas, creio que é muito importante este fim de semana para mim, porque, no ano passado, tive problemas mecânicos, na qualificação e na corrida, e tive de abandonar, o que foi uma pena, porque gosto desta pista e é importante fazer um bom resultado. A mota funciona, vamos ver se o piloto também”, sublinhou.

A desistência na estreia do circuito algarvio no calendário do Mundial é uma “espinha encravada” para Mir, que chegou à corrida vencida pelo português Miguel Oliveira (KTM) já campeão, sem conseguir a consagração.

“O domínio do Miguel não tem nada a ver, fez uma corrida muito boa, num fim de semana muito bom, muito inteligente, e nós tivemos problemas mecânicos. Creio que pode ser um circuito bom para nós, mas também o Miguel vai estar muito rápido, como muitos outros, mas tenho vontade de ver o meu potencial, para conseguir uma boa corrida”, vincou.

O campeonato de 2020 ficou marcado pela ausência de Márquez, mas, sobretudo pela pandemia de covid-19, que levou à reorganização do calendário, com uma menor diversidade de circuitos, em contraste com os vencedores – nove em 14 corridas.

Mir arrecadou o título com sete pódios e apenas uma vitória, a primeira e única em MotoGP, no Grande Prémio da Europa, a primeira das duas corridas disputadas em Valência, algo que o próprio questiona se seria possível alcançar frente ao tradicional Márquez.

“Não sei, não sei. Com um Márquez como nos últimos anos, fazer pódios não basta para ganhar campeonatos. Mas, às vezes, quando vais sempre para ganhar, pode acontecer lesionares-te. As quedas acontecem em todas as corridas e temos de entender qual o potencial da Suzuki e alcançá-lo. As lesões representam menos pontos, pelo que é necessário ser inteligente e estar sempre na luta”, explicou.

Ainda durante a ação promocional à cerveja que o patrocina, Mir salientou a vontade de “estar na luta pela vitória, com o Miguel”, no domingo, admitindo que, no início do ano, via como reduzidas as hipóteses de vencer o campeonato.

“Foi brutal! Não acreditaria, à partida. Era o meu segundo ano em MotoGP, talvez um ‘top-5′ fosse bom, mas, agora, tenho 23 anos, posso só ter vencido esta vez ou ganhar mais. E eu espero repetir”, referiu, reconhecendo ter sentido a falta de publico ao longo de toda a temporada.

Instado a indicar o circuito de eleição, Mir começou por apontar Phillip Island, na Austrália, onde se sagrou campeão do mundo de Moto3, em 2017, para, rapidamente, fazer depender essa preferência do resultado do próximo fim de semana: “Se vencer, passa a ser Portimão, se não, o que menos gosto também.”

Caso vença, vai ser o segundo triunfo do maiorquino no Algarve, depois da vitória na prova do Europeu de 2015 de Moto3, para a qual partiu da ‘pole position’.

“Recordo-a com muito carinho, porque foi a primeira corrida do CEV (Campeonato da Europa de Velocidade) e consegui ganhá-la com uma equipa que não era a melhor. A partir daí, começaram a ver-me com outros olhos, pelo que este circuito foi muito importante para mim e seria um sonho voltar a ganhar aqui em MotoGP”, concluiu.

JP // VR

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