As estimativas hoje conhecidas contrastam com as anteriores, que apontavam para um aumento do Produto Interno Bruto (PIB) na ordem dos 3,9% este ano e 5,1% em 2022.

Ainda assim, apesar da subida, os números de Bruxelas ficam aquém das estimativas do Governo, que espera um crescimento económico de 4,8% este ano e 5,5% no próximo.

Também de acordo com as Previsões Económicas de outono, hoje divulgadas, o défice das contas públicas nacionais deverá ainda baixar para 3,4% em 2022, ao passo que o rácio da dívida pública face ao PIB descerá para 123,9%.

No relatório adjacente à proposta de Orçamento do Estado para 2022 – entretanto rejeitada – o Governo tinha previsto que o défice deste ano ficasse nos 4,3% e que a dívida baixasse para 126,9%, e em 2022 os valores descessem, respetivamente, para 3,2% e 122,8%.

Quanto à taxa de desemprego portuguesa, a Comissão Europeia espera que atinja os 6,7% este ano, uma previsão mais otimista do que a do Governo, prevendo descidas subsequentes em 2022 e 2023, segundo as previsões económicas de outono conhecidas hoje.

De acordo com os números hoje divulgados pela Comissão Europeia, a taxa de desemprego nacional deverá descer dos 6,7% este ano para 6,5% em 2022 e 6,4% em 2023.

No relatório macroeconómico adjacente à proposta de Orçamento do Estado para 2022, que foi rejeitada pelo parlamento, o Governo tinha apontado para uma taxa de desemprego de 6,8% este ano, igualando a previsão de Bruxelas para 2022 (6,5%).

Por trimestre, a Comissão Europeia aponta ainda para crescimentos homólogos (face ao mesmo período do ano anterior) de 5,1% no último deste ano e de 9,6% no primeiro de 2022, que comparará com o primeiro trimestre deste ano, marcado por um forte confinamento.

As previsões hoje divulgadas pela Comissão Europeia apontam ainda para uma taxa de inflação de 0,8% este ano (o Governo aponta para 0,9%), subindo depois para 1,7% em 2022, mas voltando a descer, para 1,2%, em 2023.

Daqui a dois anos, Bruxelas estima ainda que o crescimento do PIB nacional baixe para 2,4%, esperando também uma estabilização do crescimento das exportações e importações em 4,1% e 4,0%, respetivamente.

Entretanto, as exportações deverão acelerar 11,1% este ano e 9,5% no próximo, ao passo que as importações devem também subir 10,9% e 6,2% em 2021 e 2022, respetivamente.

"A economia de Portugal está a recuperar fortemente, ajudada por um ressurgimento da procura e pelo emprego. A perspetiva de crescimento permanece favorável apesar de desafios relacionados com as cadeias mundiais de abastecimento e incerteza no turismo estrangeiro", assinala a Comissão Europeia no comentário sobre a economia nacional.

Bruxelas assinala que no primeiro semestre do ano as "vendas de bens duradouros cresceram substancialmente contra o cenário de poupanças acumuladas e procura reprimida".

"Nos meses seguintes, o comércio a retalho de bens moderou-se, mas o setor dos serviços continuou a aumentar a um ritmo forte. O turismo doméstico comportou-se particularmente bem, atingindo máximos históricos no verão. O turismo estrangeiro também começou a recuperar, mas permaneceu significativamente abaixo dos seus níveis pré-pandemia", assinala o executivo europeu.

Bruxelas realça também que "os apertos nas cadeias globais de abastecimento afetaram negativamente a indústria automóvel local e, em menor extensão, a construção".

A Comissão aponta que o crescimento seja "suportado pela atual implementação do Plano de Recuperação e Resiliência", e o "setor da hospitalidade também deverá apoiar o crescimento económico, apesar de serviços específicos relacionados com o turismo estrangeiro deverem permanecer abaixo dos níveis pré-pandemia até ao fim do período de previsões [2023]".

"O setor industrial deverá ficar afetado por constrangimentos na oferta no curto prazo mas deverá gradualmente crescer no horizonte de projeção. No setor externo, o balanço da conta corrente deverá melhorar um pouco no horizonte de projeção, ajudado pela projetada recuperação em exportações de serviços", pode ler-se no documento.

No entanto, a Comissão Europeia aponta para um aumento do défice comercial de bens, contra o "cenário do aumento da procura por parte dos consumidores e importação de bens de investimento".

Quanto aos riscos, Bruxelas refere que, no geral, serão "ligeiramente descendentes” devido à grande importância “do turismo estrangeiro, onde a incerteza permanece alta".

"A alta taxa de vacinação de Portugal reduz os riscos domésticos relativos à pandemia. Ao mesmo tempo, as incertezas relacionadas com a adoção de um Orçamento para 2022 representam um fator de risco adicional", refere a Comissão.