“O crescimento global é estimado em 5,9% em 2021 e deverá moderar para 4,4% em 2022, meio ponto percentual abaixo do que nas Previsões Económicas Mundiais de outubro de 2021”, pode ler-se na atualização publicada hoje pelo FMI.

Segundo a instituição, a revisão reflete o impacto das restrições de mobilidade, do encerramento de fronteiras e do efeito na saúde da propagação da variante Ómicron, com um peso diferenciado de país para país, mas que deverão condicionar o crescimento no primeiro trimestre deste ano.

“O impacto negativo deverá desaparecer a partir do segundo trimestre, assumindo que o aumento global de infeções por Ómicron diminui e o vírus não sofre mutações para novas variantes que exigem mais restrições de mobilidade”, explica o FMI.

De acordo com a instituição presidida por Kristalina Georgieva, o corte da estimativa é amplamente afetado pela revisão em baixa das projeções para as duas maiores economias mundiais: o FMI prevê agora que o Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos cresça 4% este ano, menos 1,2 pp. do que no relatório de outubro, e o da China avance 4,8%, menos 0,8 pp. do que previa anteriormente.

O FMI estima ainda que o crescimento da economia mundial continue a desacelerar em 2023 para 3,8%, contudo 0,2 pp. acima do que estimava anteriormente, mas um resultado sobretudo “mecânico”.

A instituição prevê ainda que os níveis mais altos de inflação deverão “persistir” durante mais tempo do que o previsto em outubro, enquanto permanecem as disrupções nas cadeias de abastecimento, assim como os preços elevados da energia.

O FMI considera que os riscos para as projeções são descendentes, identificando o aparecimento de novas variantes da covid-19, que pode levar a um prolongamento da pandemia e a novas “perturbações económicas”.

Assinala também que as “perturbações nas cadeias de abastecimento e volatilidade nos preços da energia e pressões salariais localizadas” leva a que a incerteza em torno da inflação seja “alta”, a que acrescem riscos para a estabilidade financeira e para os fluxos de capital, moedas e situações orçamentais dos mercados emergentes e economias em desenvolvimento com uma possível subida das taxas de juro nas economias avançadas.

O FMI alerta ainda que outros riscos globais se podem materializar devido às tensões geopolíticas e à “emergência climática”.

Defende que o acesso mundial a vacinas, testes e tratamentos é “essencial” para reduzir o risco de novas variantes, argumentando também que em muitos países deverá continuar a assistir-se ao apertar das condições monetárias para conter as pressões inflacionistas, enquanto a política orçamental deverá dar prioridade aos gastos com saúde e sociais.