As declarações de Christine Lagarde, citadas pelas agências Bloomberg e AFP, foram feitas na cimeira dos líderes dos 27 países da União Europeia, que está a decorrer por videoconferência, e se destina a debater a resposta à crise causada pela pandemia de covid-19.

“Ela (Lagarde) advertiu que há um risco de se agir muito pouco e demasiado tarde”, segundo fonte referida pela AFP.

A agência financeira Bloomberg refere, por sua vez, que uma das suas fontes, que falou sob anonimato, indicou que o recuo de 15% é um cenário extremo, uma vez que a previsão base é de uma contração de 9% este ano.

Os líderes da União Europeia iniciaram hoje à tarde, pouco depois das 14:00 em Lisboa, uma cimeira por videoconferência consagrada ao plano de recuperação para superar a crise provocada pela covid-19, mas assumidamente sem expectativas de acordar desde já os detalhes e o montante do mesmo.

Os líderes europeus devem antes acordar um mandato para a Comissão Europeia “analisar as necessidades exatas” e apresentar em breve uma proposta “à altura do desafio”, tal como assumiu o presidente do Conselho Europeu na carta-convite dirigida esta semana aos 27.

Segundo Charles Michel, “a proposta da Comissão deve clarificar a relação com o Quadro Financeiro Plurianual [o orçamento da UE para 2021-2027], que estará sempre no cerne da contribuição da UE para a recuperação e que terá de ser ajustado para lidar com a atual crise e as suas consequências”.

A anterior cimeira, celebrada há já quase um mês (26 de março), ficou marcada por fortes desavenças sobre como a Europa deve responder à crise e, após muitas horas de discussões acesas, os líderes limitaram-se a mandatar o Eurogrupo para apresentar no prazo de duas semanas propostas concretas, tendo em resposta os ministros das Finanças acordado na semana passada um pacote de emergência num montante global de 500 mil milhões de euros, mas deixando o grande plano de reconstrução ainda em aberto.

Os líderes europeus deverão adotar hoje esse pacote de emergência, constituído por três “redes de segurança”: uma linha de crédito do Mecanismo Europeu de Estabilidade, através da quais os Estados-membros podem requerer até 2% do respetivo PIB para despesas direta ou indiretamente relacionadas com cuidados de saúde, tratamentos e prevenção da covid-19, um fundo de garantia pan-europeu do Banco Europeu de Investimento para empresas em dificuldades, e o programa ‘Sure’ para salvaguardar postos de trabalho através de esquemas de desemprego temporário.

No entanto, relativamente ao fundo de recuperação, que poderá ascender aos 1,5 biliões de euros, o Eurogrupo ‘passou a bola’ de novo aos chefes de Estado e de Governo, que, por seu turno, deverão então solicitar à Comissão que apresente uma proposta concreta sobre os seus moldes e envergadura.