Hoje, no final de uma audição parlamentar com vários especialistas em educação, entre eles um representante da OCDE, a presidente do Conselho Nacional de Educação, Maria Emília Brederode Santos, e vários investigadores académicos, a deputada Cláudia André referiu que "todos reconheceram que pouco ou nada foi feito" até agora em matéria de recuperação de aprendizagens.

"Em setembro de 2020, devíamos ter tido um plano para desenvolver ao longo do ano letivo, fizemos o segundo confinamento sem plano de recuperação de aprendizagens e o PSD está preocupado e quer levantar esta questão", explicou a deputada, em declarações à Lusa.

Na próxima quinta-feira, numa organização conjunta do grupo parlamentar e do Conselho Estratégico Nacional (CEN) do partido, o PSD terá como oradores convidados o vice-presidente do partido e ex-ministro da Educação, David Justino, e o politólogo e coordenador do livro "Escolas para o Século XXI", Alexandre Homem Cristo.

A iniciativa, que será transmitida online, contará também com um debate em que o PSD conta ter a participação de diretores e professores.

"Já tivemos evidências académicas, vamos tentar na próxima quinta-feira ouvir os que estão no terreno e fazem um retrato mais próximo e mais real destes constrangimentos que atingem os alunos portugueses há dois anos letivos", referiu.

O objetivo do PSD, explicou, é "de forma construtiva, ajudar e, no fundo, espevitar o Ministério da Educação a fazer algo, a agir urgentemente".

No final de março, o primeiro-ministro, António Costa, anunciou que o Governo iria apresentar em maio o Plano de Recuperação de Aprendizagens 21/23.

"Ainda nada sabemos sobre esse plano, ainda não fazemos ideia das linhas estratégicas que estejam a ser pensadas para orientar as escolas", contrapôs Cláudia André.

Depois do debate da próxima quinta-feira, o PSD pondera entregar uma iniciativa legislativa com "recomendações ao Governo", mas deixa, desde já, algumas conclusões que resultaram da audição parlamentar de hoje.

"Por exemplo, não foram adotadas medidas corretivas para os alunos mais vulneráveis, não existiu qualquer diagnóstico para detetar, em especial no primeiro ciclo, quais as lacunas que ficaram nas aprendizagens", apontou.

Segundo a deputada do PSD, todos os especialistas apontam para um agravamento do fosso entre os alunos, nomeadamente entre os que têm dificuldades socioeconómicas e de aprendizagem, o que os sociais-democratas consideram poder ser corrigido com mais professores nas escolas.

"O que nós queríamos era que se investisse seriamente em recursos humanos para aumentar o apoio personalizado aos alunos", defendeu, referindo que uma medida que tem sido adotada em outros países passa por apoio extra na sala de aula por professores ou tutores, em especial no primeiro ciclo.

Por outro lado, acrescentou, também a formação dos professores deve ser adaptada, já que a forma de transmitir conteúdos no ensino digital "tem de ser atrativa".

"O PSD está extremamente preocupado por perceber que não houve capacidade, por parte do Ministério da Educação, para dar respostas adequadas e imediatas às necessidades das escolas", frisou a deputada social-democrata.

Cláudia André apontou, ainda assim, as escolas como "tábua de salvação para que a falta de medidas não tivesse tido um reflexo ainda mais gravoso".

"As escolas demonstraram ser capazes de responder, os professores conseguiram adaptar-se e sacrificar-se em prol dos alunos e as famílias conseguiram adaptar-se dentro do possível", frisou.

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