Marcelo foi visitar o país irmão, apertou a mão — ok, mesmo que simbolicamente, já que o nosso presidente tem tanto medo do vírus como qualquer outra pessoa com dois dedos de testa — ao presidente Bolsonaro, mas não deixou de visitar Lula da Silva. Sim, tinha um bom pretexto, visitava os presidentes anteriores residentes em São Paulo. Digamos que para manobra diplomática esteve bem; porém, não deve ter agradado a um Bolsonaro em queda livre. Leio que discutiram o reconhecimento recíproco das vacinas contra a COVID-19 e não consigo deixar de sorrir. Bolsonaro reconhece o vírus? Cito Jorge Palma: deixa-me rir.

Não creio que a visita tenha sido politicamente significativa. Já a conversa com Lula da Silva, que pode ter sido de circunstância, serviu para criar uma percepção de apoio, logo, uma polémica. Vá, uma polemicazinha, que estamos no Verão e o que importa é Marques Mendes a dizer quem é que vai cair na putativa remodelação governamental. Recordou-me os tempos de Marcelo-comentador.

Talvez Marques Mendes-comentador sonhe em ser o ocupante de Belém; todas as semanas a perorar na televisão, ele é opinião para cá, para lá, sobre isto e sobre aquilo, os anos a passar, os espectadores a ouvirem, os jornais a fazer “notícias” com os seus comentários... Enfim, adivinha-se uma potencial campanha presidencial sem outdoors ou excessos de marketing. Enquanto isso não acontece o melhor é seguir as pisadas / especulações à Marcelo: estamos em Agosto, façamos apostas, a ver quem pode ou não cair do poleiro governativo. Pensando bem, a versão de divertimento de Marcelo é melhor: vamos lá cumprimentar o maior opositor a Bolsonaro do país irmão e, em 2022, nas eleições presidenciais brasileiras, quem sabe se não dará para trocar galhardetes tipo: “Eu não lhe disse? Está a ver?” O mesmo dirá Marques Mendes, caso a tal remodelação governamental passe a ser uma realidade, e os nomes que avançou ficarem longe das parangonas. É Agosto, senhores, a política portuguesa permanece no marasmo do costume.

P.S: Entretanto, para piorar tudo, renasceu um pasquim que faz manchetes que são a vergonha de qualquer jornalista. Não escrevo o nome da publicação como não escrevi o do 45.º presidente dos EUA: não lhes dou publicidade, mas estejam atentos porque os eleitores não são a malta snob dos centros urbanos e um pasquim destes pode fazer muita mal à democracia, à percepção do que é a realidade. Uma coisa é certa, ao jornalismo não serve, é uma vergonha.