Permitam-me, pelo motivo que acabo de apontar no arranque deste artigo, partilhar ideias anunciadas recentemente, relacionadas com o ambiente, e que julgo poderem vir a ser um enorme contributo para a nossa sociedade se implementadas numa escala nacional:

- A Secretaria de Estado do Ambiente quer que um quinto das águas residuais das 50 maiores ETAR venham a ter um tratamento mais sofisticado, para serem reutilizadas para regar jardins, lavar ruas ou lavar viaturas. Este é o caminho certo no sentido de garantir que a água potável e para consumo humano é valorizada, assim como, uma forma eficaz de combater as alterações climáticas nas regiões onde há mais falta de água. O desafio, ainda por explorar, será o aproveitamento de muitas ETAR que não estão nos centros urbanos, assim como as localizadas em municípios de forte produção agrícola, para canalizar a água tratada para esta atividade, pois este sector consome cerca de 80% dos recursos hídricos.

- Torres Vedras vai incentivar os seus munícipes a reutilizar os seus resíduos orgânicos e, para isso, acaba de lançar uma nova iniciativa em conjunto com a Valorsul. “Compostar, outra forma de reciclar”, um projecto que promove a compostagem doméstica. À semelhança do que já acontece em Lisboa, o projecto de Torres Vedras vai fornecer um compostor a todas e todos os interessados em começar a compostar, ou seja, a transformar a matéria orgânica produzida em casa em composto, uma substância com características excelentes para o tratamento dos jardins, plantas ou hortas de subsistência das nossas casas. Este projeto tem um enorme potencial ambiental e deveria ser alargado a todos os munícipios.

- Leiria vai multar quem atirar as beatas para o chão. As coimas podem ir de 100 a 500 euros, quando praticada por pessoas singulares, ou de 200 a 1000 euros quando praticada por pessoas coletivas. Esta proibição está prevista no Regulamento do Serviço de Gestão de Resíduos Urbanos, Limpeza Urbana e Higiene Pública do Município de Leiria, mas poderia ser uma excelente medida nacional e que a Assembleia da República deveria ponderar legislar, pois salvaguardaria o ambiente mas também a segurança de pessoas e bens pelos fogos que tem origem neste mau hábito.

Mas as boas ideias, também surgem do debate com quem pensa de forma de diferente de nós. E se a ideia dos negacionistas é dizerem-nos que no planeta está tudo bem e que não nos devemos preocupar com as alterações climáticas nem mudarmos de comportamentos, em vez de criticarmos a Universidade do Porto por organizar um seminário com esta “ideologia” (refiro-me à conferência Basic Science of a Changing Climate: how processes in the sun, atmosphere and ocean affect weather and climate | Ciência Básica de um Clima em Mudança: Como processos no Sol, atmosfera e oceano afectam a meteorologia e o clima), devemos todos, enquanto cidadãos, exigir a todas as Universidades Portuguesas que efectuem sessões de esclarecimento científico sobre estas matérias. Mais do que não querermos ouvir os negacionistas, é dever da comunidade cientifica e académica promover e esclarecer toda a população para os problemas ambientais e as mudanças que todos teremos que fazer nos nossos comportamentos para garantirmos que deixaremos às gerações futuras um planeta mais sustentável. Estou certo que cidadãos esclarecidos terão na proteção do ambiente uma das suas principais prioridades. A comunidade académica e científica só derrotará os negacionistas no terreno da formação e da informação, mas também sem medo de debater todas as matérias publicamente.