Num dia desta semana, à tardinha, estive no meio das ondas com o meu filho mais velho, o Simão. Nunca nos tínhamos divertido tanto no mar. É o que dá ter um filho já com altura de gente grande, embora ainda só tenha oito anos...

No meio das ondas, com um filho ao lado e o medo de perder os óculos (como já aconteceu), não pensei na origem das palavras. Mas, quando cheguei a casa, pus-me a pensar: de onde veio «onda»? Fui investigar.

Parece que «onda» tem origem na raiz indo-europeia «*wódr̥». Essa palavra não significava «onda», mas «água». Aliás, é a palavra que deu origem à «water» inglesa (e irmãs germânicas).

Nas línguas celtas, a palavra também manteve o significado. Em irlandês, água diz-se «uisce» — palavra que deu o nome ao «whiskey».

Já nas línguas eslavas, a palavra também se manteve com o significado indo-europeu. O nome da água em russo, por exemplo, é «voda» — que também deu origem ao nome de uma bebida alcoólica: «vodka», que é o diminutivo de «voda». O vodka é uma aguazinha...

Então e a nossa palavra? Não quer dizer água... Pelo caminho que a levou do proto-indo-europeu ao latim, a palavra deu um salto semântico e acabou em «unda», com o significado de «onda» — embora, diga-se, não haja certezas sobre este caminho, como quase nunca há. Já é bastante mais claro que a «unda» latina veio pelos séculos fora até à nossa «onda».

Com mais ou menos saltos, não há que negar: é uma palavra com um indesmentível sabor a Verão... Com muitas ondas, aproveito para desejar um bom Agosto!