“Emmanuel Carrère construiu uma obra muito pessoal que gera um novo espaço de expressão que esbate os limites entre a realidade e a ficção”, sublinha o júri do prémio.

Os membros do júri destacam também que os seus livros contribuem para o “desmascaramento da condição humana” e “dissecam a realidade de forma implacável”.

Depois de ter escrito em 2000 “O Adversário”, o romance que o consagrou e no qual narrou a vida do criminoso Jean-Claude Romand, OBRA que foi um grande sucesso junto dos críticos e do público, Carrère começou a privilegiar a ficção, assim como textos nos quais narra a sua própria experiência ou a vida real de outras pessoas e figuras históricas.

O júri considerou igualmente que o escritor francês, que nasceu em Paris a 09 de dezembro de 1957, “desenha um retrato incisivo da sociedade atual” e exerceu uma influência notável na literatura do nosso tempo, além de mostrar um forte empenho na escrita como uma “vocação inseparável da própria vida”.

A par da escrita, Emmanuel Carrère tem também um percurso no cinema, como argumentista e como realizador, tendo dirigido, entre outros, “Um Amor Suspeito” (2005), que se estreou nos cinemas portugueses, e que teve parte da ação rodada em Macau.

Autor de uma obra extensa, contam-se, entre os seus principais títulos, “Limonov”, dedicado ao escritor e político russo Eduard Limonov, “Pesadelo na Neve” e “O Adversário”, já editados em Portugal, assim como “O Reino”, publicado no passado mês de abril, pela Tinta-da-China.

Emmanuel Carrère foi já distinguido com os prémios Renaudot e Femina, o Prémio Europeu de Literatura e, pelo conjunto da sua obra, com o Grande Prémio de Literatura Henri Gal, da Academia Francesa, e com o Prémio da Feira Internacional do Livro de Guadalajara, que sublinhou seu caráter “versátil, amplo e transversal”.

Este foi o quinto dos oito Prémios Princesa das Astúrias que vão ser anunciados este ano, depois de o galardão para a Comunicação e Humanidades ter sido atribuído à jornalista e escritora norte-americana Gloria Steinem, para as Artes à artista sérvia Marina Abramovic, para as Ciências Sociais ao economista indiano Amartya Sem e, para o Desporto, à nadadora espanhola Teresa Peralves.

O Prémio Princesa das Astúrias para as Letras foi atribuído em 2020 à poeta e ensaísta canadiana Anne Carson e, em edições anteriores, aos escritores Siri Hustvedt (2019), Adam Zagajewski (2017), Richard Ford (2016), Leonard Cohen (2011), Amin Maalouf (2010), Gunter Grass (1999), Mário Vargas Llosa e Rafael Lapesa (1986), entre outros.

Os Prémios Princesa das Astúrias distinguem, em termos gerais, o “trabalho científico, técnico, cultural, social e humanitário” realizado por pessoas ou instituições a nível internacional e, o destinado às Letras, “a obra de criação e aperfeiçoamento da produção literária em todos os seus géneros”.

Cada prémio consiste numa escultura do pintor e escultor espanhol Joan Miró — símbolo que representa o galardão -, 50.000 euros, um diploma e uma insígnia, que, até 2019, foi entregue numa cerimónia solene presidida pelo rei de Espanha, Felipe VI, no teatro Campoamor, em Oviedo.

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