“As periferias, o tema genérico que a FEA me propôs para este ano, vão ser equacionadas a partir das linguagens artísticas, dos temas e dos conteúdos”, revelou à agência Lusa José Alberto Ferreira, novo diretor artístico do espaço de arte contemporânea.

Segundo o responsável, que inicia agora um mandato de três anos à frente do rebatizado Centro de Arte e Cultura (CAC) da fundação, anterior Fórum Eugénio de Almeida, “a estrutura de programação e de trabalho” vai ter “linhas muito constantes” em relação ao que acontecia no passado.

“A programação vai ter como centro de trabalho as exposições e os ciclos expositivos, que se mantêm numa lógica mais ou menos regular de três momentos expositivos ao longo do ano”, disse.

Mas, o novo diretor artístico quer aproveitar estes momentos para “um aprofundamento das relações do CAC com o território, no plano da criação e da interpelação de públicos”, com o objetivo de “encontrar novos caminhos e desafios e equacionar mais possibilidades”.

Nesta “continuidade em transformação”, lógica que, de acordo com José Alberto Ferreira, vai marcar o seu mandato, a primeira iniciativa vai ser uma exposição dedicada a 18 mulheres artistas, a inaugurar a 17 de março.

A mostra coletiva, para visitar até 30 de junho, vai reunir obras de variadas linguagens artísticas, como escultura, pintura, desenho, instalação, performance, gravura ou vídeo, entre outras, e foi “desenhada” a partir do tema genérico das “Periferias”.

“A primeira coisa que me pareceu óbvia é que, no mundo da arte, as mulheres são a figura mais ausente do centro. É um dado histórico da História da Arte”, disse, indicando que, ao longo dos séculos, em diversos campos artísticos, constata-se que “a História não conta as histórias das mulheres artistas”.

E, enfatizou, na arte contemporânea “as mulheres também têm, muitas vezes, mais dificuldade em afirmar os seus créditos, em pertencerem ao mundo daqueles que têm os convites, a carreira e as oportunidades”.

“Com base nesse facto, propus que esta exposição fosse dedicada a mulheres artistas”, assumiu, assinalando que o outro critério foi o de que as escolhidas teriam de ter “alguma relação de algum tipo com o território alentejano”.

“Não significa que tenham de ser naturais da região ou que tenham de ter trabalhado o Alentejo, mas sim terem relação com este território, justamente porque o Alentejo é também, muitas vezes, no plano das centralidades e das periferias, identificado como uma periferia em relação aos centros”, explicou.

Nomes consagrados, como os das escultoras Susana Piteira e Clara Meneres, e novos valores, como Joana Gancho (pintura e desenho) e Sónia Godinho (desenho), integram o grupo de artistas escolhidas para a exposição, cuja lista global ainda não foi divulgada.

No “segredo dos deuses” está também, por agora, o teor das outras duas exposições deste ano, mas a programação do CAC para 2018, adiantou o diretor artístico, é mais vasta e vai incluir dois ciclos, um de performance, a partir de abril, e um de verão, entre 14 de julho e 30 de setembro.

“Vai ser um ciclo de performance autónomo. Será em si mesmo uma prática artística, sem estar dependente das exposições”, embora a elas “possa estar associado”, revelou.

Já o Jardim Norte do CAC, que até agora era “uma periferia do equipamento”, destacou, vai ser o “centro” do ciclo de verão, composto por uma exposição de escultura em ferro de Gonçalo Jardim e a projeção de quatro filmes de cinema mudo, acompanhados por música ao vivo.

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