Na exposição que reúne cerca de 200 obras, que se apresenta como um "inquérito ao retrato português", de diferentes épocas, e é inaugurada na quinta-feira, será possível ver-se o rosto de três moradores do 6 Maio, bairro de habitação precária situado a cerca de 15 minutos de Lisboa, que tem sido palco de várias demolições, nos últimos anos, realizadas pela Câmara Municipal da Amadora.

De acordo com Alexandre Farto, em declarações à Lusa, a acompanhar os retratos estará uma televisão onde serão exibidas entrevistas com os três moradores.

A obra de Vhils foi feita em colaboração com o investigador em Estudos Urbanos António Brito Guterres, que, nos últimos anos, tem desenvolvido trabalhos em vários bairros da periferia de Lisboa.

Há cerca de um ano, o artista esteve no bairro a esculpir o rosto de alguns moradores em paredes de casas em ruínas. As demolições no 6 de Maio têm sido feitas no âmbito do Programa Especial de Realojamento (PER), criado para erradicar as barracas nas áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto.

Quando foi criado, em 1993, o PER tinha como objetivo dar apoio financeiro às famílias para construção ou aquisição de habitações. Mas, por estar a ser seguido um recenseamento feito naquela altura, há muitas famílias que ficaram de fora.

Na exposição “Do tirar polo natural”, de acordo com informação disponibilizada no ‘site’ do Museu Nacional de Arte Antiga, estão reunidas obras “de múltiplas disciplinas artísticas, provenientes de instituições e colecionadores nacionais, bem como de prestigiosas instituições internacionais, como o Museo del Prado, o Groeningemuseum de Bruges, a Galleria Nazionale di Parma ou os Musées Royaux des Beaux-Arts de Belgique”.

“Partindo de obras realizadas por artistas nacionais que retratam personagens portuguesas, organiza-se uma exposição-ensaio, um inquérito sobre o poder do retrato, uma reflexão sobre a representação e o ‘tirar polo natural’ tal como o definiu, no século XVI, Francisco de Holanda, o primeiro teórico do retrato europeu”, refere o museu.

A obra do arquiteto, escultor e pintor português, que privou com Miguel Ângelo, em Roma, contitui um tratado sobre o retrato, "pelo natural", de acordo com o espírito humanista da época.

A mostra “cruzará épocas históricas distintas, não se cingindo às classificações tradicionais de estilos, categorias ou géneros, propondo antes uma montagem determinada por um olhar contemporâneo sobre a história do género”, reunindo, além dos retratos da autoria de Vhils, obras de artistas como Vasco Araújo, Julião Sarmento, Fernando Lemos, Amadeo de Souza-Cardoso, Sousa Lopes, Columbano Bordalo Pinheiro e Aurélia de Souza, entre outros artistas e escolas de pintura.

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