Primeiro, na passagem dos 20 anos, em 1994, e por iniciativa de dois jornalistas da Lusa, Rui Cabral e Luís Pinheiro de Almeida, autores de uma revista editada pela agência sobre o golpe dos capitães, juntaram-se os seis militares.
Nunca Sanches Osório, Otelo Saraiva de Carvalho, Fisher Lopes Pires, Vítor Crespo, Hugo dos Santos e Garcia dos Santos tinham voltado a juntar-se desde 1974 e muito menos no “barracão” do Posto de Comando do Movimento das Forças Armadas (MFA).
Numa longa conversa, lembraram as 48 horas de tensão até à queda do regime, mas também alguns episódios caricatos — o movimento esquecera-se de ir prender o Presidente da República deposto, Américo Thomaz.
O texto com os seis militares foi publicado numa revista editada pela Lusa “25 de Abril — Memórias” que incluía também uma entrevista ao marechal António de Spínola.
“Responsabilizo totalmente Marcello Caetano por todos os excessos da Revolução”, dizia então Spínola, que criticou o chefe de Governo que foi deposto no 25 de Abril de 1974 por não ter tido em conta “os apelos à paz” que fizera no livro “Portugal e o Futuro”.
“Na hora que passa responsabilizo totalmente o prof. Marcello Caetano por todos os excessos verificados durante e após a Revolução, o que, a meu ver, poderia ter sido evitado”, afirmou.
Depois, em 2014, a Lusa voltou a juntar os militares da Pontinha, já sem dois deles, entretanto falecidos, Fisher Lopes e Hugo dos Santos.
As memórias foram, de novo, percorridas pelos quatro homens no espaço que, já nessa altura, era um espaço museológico em que cada um deles estava representado em figuras de cera fardadas e em tamanho real.
Dessa conversa saiu a notícia de que o MFA tinha um plano B, caso o golpe de 25 de Abril tivesse falhado.
“Os planos B resultaram nisso: Açores e Guiné. A malta estava preparada para tomar e prender as altas entidades de lá, anunciar ao Governo que estavam presos e [exigir] que o Governo abandonasse”, declarou Otelo Saraiva de Carvalho, o estratego do 25 de Abril.
Hoje a Lusa reedita o filme dos acontecimentos a partir do reencontro, em 2014, dos seis militares do Posto de Comando, atualizando-o com novos elementos não publicados na altura.
Do grupo original, e depois da morte de Otelo Saraiva de Carvalho e de Vítor Crespo, continuam vivos Garcia dos Santos e Sanches Osório.
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