Da autoria das jornalistas Inês Bastos e Raquel Lito, o livro “Carlos Alexandre — o Juiz” descreve as maneiras de pensar, agir e decidir de um magistrado conhecido pelo público como “superjuiz” por onde passam e passaram, no Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC), os maiores e mais mediáticos processos da justiça portuguesa.
Segundo a editora Planeta, o livro é o resultado de dezenas de conversas com amigos próximos de Carlos Alexandre, consulta de processos e entrevistas a críticos da sua atuação como magistrado.
“Goste-se ou não de Carlos Alexandre, é incontornável que ele é atualmente uma das personalidades que está na posse de mais informação sobre os meandros dos sistemas político, financeiro e empresarial em Portugal, e sobretudo sobre as manobras que se alinham nos bastidores”, lê-se no livro.
A sua infância em Mação, a escola, os trabalhos como carteiro e servente de pedreiro, as dificuldades económicas da família, as sessões de acupuntura, a ‘forretice’ e o gosto pela ‘bricolage’, são alguns dos temas contados nos capítulos dedicados à vida pessoal e personalidade de Carlos Alexandre.
Há também vários capítulos dedicados à análise das decisões tomadas por Carlos Alexandre nos principais casos mediáticos.
Ao longo das páginas são descritas as horas que este juiz, 14 anos no TCIC, as noites e fins de semana que está ocupado a ouvir escutas e a estudar processos, a segurança pessoal que passou a ter e as ameaças de que foi alvo, nomeadamente o assalto à sua casa, o cão envenenado e a mulher atropelada.
“Com uma personalidade naturalmente obstinada, cedo Carlos Alexandre se vê enredado em situações que geram polémicas, burburinho ou até confronto. Não cede quando acha que tem razão, quando está em causa uma forte convicção. Cerra os dentes e mantém-se determinado no caminho iniciado, mesmo que este lhe traga mais dissabores que alegrias”, pode ler-se no capítulo “batalhas e conflitos”.
Aliás, é o próprio magistrado que assume não ter amigos na magistratura.
Além de Sócrates e Ricardo Salgado, Carlos Alexandre já constituiu arguidos outras altas figuras da elite política e económica portuguesa como o ex-autarca Isaltino Morais, os antigos ministros Armando Vara, Dias Loureiro e Miguel Macedo, os administradores da PT Zeinal Bava e Henrique Granadeiro e o antigo presidente do BPN Oliveira e Costa.
“Operação Marquês”, “Furacão”, “Labirinto”, “BPN”, “Monte Branco”, “Homeland”, “Face Oculta”, “BES-GES”, “Submarinos”, e “Portucale” são alguns dos processos mediáticos sobre crimes económico-financeiros que passaram pelas mãos desde juiz de instrução.
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