"Estamos abertos à negociação. Ou conseguimos convergir na segunda ou terça-feira ou vamos ter novas eleições nos Açores", afirmou André Ventura, no parlamento, lamentando a "diabolização" do seu partido.
O deputado único do partido da extrema-direita anunciou que as negociações com o PSD ficaram "suspensas" na quarta-feira à noite, mas defendeu que o PSD de Rui Rio só tem como hipótese chegar a acordo para viabilizar um Governo de direita. Ventura admitiu mesmo abdicar da medida da castração química de pedófilos inscrita no seu projeto de revisão constitucional a bem de consensos noutras matérias.
"Ou chegamos a um ponto de ingovernabilidade, quer na região, quer na República, ou começam a perceber que têm de se sentar à mesa com o Chega e têm de falar como falam com outros partidos. O PSD está com medo de ser acusado pelo PS e pela extrema-esquerda de estar a falar com o Chega, mas se não falarem vão falar com quem?", questionou Ventura, no parlamento.
Ventura salientou o "bom caminho com o PSD em alguns pontos": redução do número de deputados, nos Açores e na República, criação de um gabinete contra a corrupção e o clientelismo, também naquele arquipélago, redução para metade em quatro anos da atribuição do Rendimento Social de Inserção (RSI) naquela região autónoma, além da reforma da Justiça (composição dos conselhos superiores da magistratura e tribunais administrativos).
Segundo o líder do Chega, também anunciado candidato presidencial, houve "conversações e um sentido de aproximação que foi julgado "frutuoso".
"Temos, indubitavelmente, pontos de convergência que estou em crer que Rui Rio não desmentirá", continuou.
Para já, "o Chega dará indicações aos seus deputados para que não se comprometam com nenhuma solução, nem da parte do PS nem do PSD".
Segunda-feira, o líder do PSD-Açores, José Manuel Bolieiro, acompanhado dos presidentes do CDS-PP e do PPM na região, anunciou um princípio de acordo para a formação de um Governo Regional, após as eleições regionais de há 11 dias, à imagem da Aliança Democrática (AD), encabeçada por Sá Carneiro no final da década de 1970.
PSD, CDS-PP e PPM somam 26 mandatos face aos 25 do PS, partido que governa o arquipélago desde 1996, ao passo que BE (dois deputados), Chega (dois), PAN (um) e Iniciativa Liberal (um) são os outros partidos com representação parlamentar - uma maioria absoluta forma-se com 29 eleitos.
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