"Já saíram das Flores 45 animais de uma primeira viagem e ontem [domingo] mais 115. Mas ainda existem muitos animais para retirar nas Flores e no Corvo e aquilo que foi entendido face aos condicionantes do próprio porto e dos transportes disponíveis neste momento, e para fazer menos pressão ao nível dos alimentos disponíveis, foi retirar estes animais no menor espaço de tempo possível", afirmou o secretário regional da Agricultura e Florestas, João Ponte.
O governante respondia aos jornalistas quando questionado sobre a plataforma marítima que o executivo açoriano anunciou para assegurar o escoamento de animais, à margem da assinatura de um protocolo, na Lagoa, em São Miguel.
Posteriormente, a secretaria regional esclareceu que os 160 bovinos foram transportados através de embarcações de tráfego local, uma vez que a plataforma marítima ainda não está instalada.
"Neste momento, o único obstáculo que existe é reunirmos nos Açores a quantidade de contentores suficientes para trazer esses animais", destacou, assinalando que "na próxima semana" os contentores serão transportados de Lisboa para a região e depois será feito "o transporte para resolver a situação e tranquilizar os agricultores, que, naturalmente, estão ansiosos com essa situação".
Os animais em causa, frisou o secretário regional, "são os animais que normalmente saem em vida das Flores e Corvo", tendo em conta a "grande tradição" que estas ilhas têm na exportação de gado vivo, sobretudo para o mercado continental português.
No passado sábado, o Governo dos Açores anunciou, através de nota de imprensa, que iria fretar uma plataforma marítima com reboque como uma "medida extraordinária", que pretende "assegurar o escoamento de cerca de 1.000 animais até ao final do ano" e "reduzir a pressão sobre os alimentos disponíveis atualmente nestas ilhas, cujas pastagens foram fortemente afetadas pela salinidade, em virtude da passagem do furacão 'Lorenzo' pelos Açores no início de outubro".
Na nota, lia-se ainda que a mesma plataforma "vai também garantir, na viagem para as Flores, o transporte de alimentos para os animais, como rações, concentrados e palhas, assim como adubos e outros bens de natureza agrícola".
A plataforma utilizará uma grua que permite o transporte dos contentores, sendo a deslocação no mar efetuada através de um reboque.
Durante a passagem do "Lorenzo" pelos Açores, em 02 de outubro, foram registadas 255 ocorrências e 53 pessoas tiveram de ser realojadas.
A passagem do furacão causou a destruição total do porto das Lajes das Flores, o que colocou em risco o abastecimento ao grupo ocidental do arquipélago.
Depois de assegurado o abastecimento através de embarcações de tráfego local (mais pequenas), a Portos dos Açores (empresa que gere as infraestruturas portuárias da região) anunciou no passado sábado que "já estão em curso os trabalhos de preparação do projeto de reconstrução" do porto das Lajes das Flores.
No total, o "Lorenzo" provocou prejuízos de cerca de 330 milhões de euros, segundo o Governo Regional.
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