Reagindo numa declaração em vídeo à conferência de imprensa do deputado único do Chega nos Açores – que afirmou hoje que "nada está fechado" quanto ao Orçamento Regional para 2022 - André Ventura garantiu “total sintonia” com o representante do partido na região autónoma.
O líder do Chega recuou na postura que tinha adotado na quarta-feira passada, quando tinha garantido que a decisão era “fortemente definitiva” e que, “no que depender da Direção Nacional do Chega e do presidente”, o apoio ao Governo regional tinha morrido naquele dia.
“O cenário (…) não está fechado, vamos continuar a articular, vamos continuar a trabalhar e vamos continuar juntos a exigir aquilo que foi acordado com o Chega e aquilo que é também a exigência da população nos Açores”, afirmou hoje André Ventura.
O presidente do Chega reiterou que o “Chega chegou a um ponto de saturação face ao PSD nacional e regional”, acusando o Governo regional açoriano de falhar em “coisas básicas como compromissos na luta contra a corrupção, reduzir o tamanho do executivo e os gastos com os cargos políticos, compromissos na forma de relação entre os dois partidos”.
“Conforme deixou muito claro o deputado José Pacheco, as coisas não estão neste momento encerradas, mas há um claro nível de saturação entre o Chega e o PSD e há exigências muito claras que, a não serem cumpridas, determinarão o voto contra do Chega ao Orçamento do Estado e à viabilidade deste Governo açoriano”, referiu.
Ventura afirmou também que, no partido, “há uma articulação plena e harmoniosa a nível regional, autárquico e nacional” na “defesa daquilo que é o projeto do Chega”.
“Não cederemos um milímetro nem aceitaremos chantagem, estaremos firmes nessa defesa e é isso que continuaremos a fazer: ou há uma mudança ou a nossa atitude será sempre firme na defesa das populações, dos valores em que acreditamos, mesmo que isso tenha custos políticos”, frisou.
O deputado do Chega nos Açores disse hoje que “nada está fechado” quanto ao Orçamento para 2022, dependendo de negociações em curso, incluindo para um novo acordo parlamentar, e de o partido ser tratado “com respeito”, regional e nacionalmente.
Dizendo ter o apoio do líder nacional do Chega, Pacheco afirmou que o acordo de incidência parlamentar com os partidos de coligação “vai ser rasgado”, “não foi bem feito” e vai ser revisto, recusando, contudo, precisar do aval do representante da República.
A Assembleia Legislativa é composta por 57 eleitos e a coligação de direita – que representa 26 deputados - precisa de mais três parlamentares para ter maioria absoluta.
Como a coligação assinou um acordo de incidência parlamentar com o Chega e o PSD com a Iniciativa Liberal, era esperada a viabilização do Orçamento Regional 2022 por estes partidos, bem como pelo deputado independente (que manteve o apoio ao executivo quando saiu do Chega).
Porém, a IL tem ameaçado votar contra, referindo agora que continua “a lutar” nas negociações, e o deputado independente, Carlos Furtado, afirmou que o entendimento parlamentar pós-eleições “já morreu”, pelo que “ou as pessoas mudam ou mais vale ir para eleições”.
O parlamento conta ainda com mais 28 deputados: 25 deputados do PS, que já anunciou o voto contra, dois do BE, que admitiu votar contra, e um do PAN. Neste último caso, o deputado único, que se absteve sobre o Programa de Governo e o Orçamento Regional 2021, aguarda apenas a validação da comissão política local para votar contra o Orçamento 2022, discutido na próxima semana.
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