“Saúdo esta admissão do Governo da importância de uma AAE e também o reconhecimento de que há tempo, que é possível reconsiderar a opção que tem vindo a ser defendida pelo Governo”, a construção da infraestrutura na Base Aérea n.º 6, no Montijo, disse à Lusa o presidente da Câmara da Moita, Rui Garcia (PCP).
No entanto, o autarca lembrou que este tipo de estudo, que compara várias localizações, “já foi feito de forma aprofundada e exaustiva há cerca de dez anos”, tendo levado à conclusão de que “a alternativa mais adequada do ponto de vista ambiental e das oportunidades que proporciona em termos do desenvolvimento é o Campo de Tiro de Alcochete”, também localizado no distrito de Setúbal.
Na quarta-feira, numa audição parlamentar, o ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, referiu que a crise causada pela pandemia veio dar ao Governo tempo para ponderar sobre a possibilidade de uma AAE sobre a construção do novo aeroporto no Montijo.
Caso o estudo se concretize, Rui Garcia não acredita que o Montijo continue a ser considerado como a melhor opção, até porque “em qualquer que seja o critério comparativo que se utilize, numa comparação com outras soluções, como o Campo de Tiro de Alcochete, claramente o Montijo está em desvantagem”.
De forma semelhante, o autarca do Seixal afirmou à Lusa que viu com “satisfação” o anúncio do ministro, até porque “o meio político, o meio técnico, ambientalistas e populações exigiam de facto que o Governo mandasse fazer algo que não foi feito para esta opção, a AAE”.
“Parece-nos que, com esta decisão, o Governo demonstra que quer abandonar o projeto e, quanto a nós, bem, porque, de facto, o interesse das populações, da região e a nível nacional faz com que a melhor opção seja efetivamente uma primeira fase no Campo de Tiro de Alcochete”, apontou.
Segundo o autarca, este estudo mais aprofundado é importante porque “vai comparar com outras soluções, nomeadamente com o Campo de Tiro de Alcochete, em vários domínios”, ao contrário do Estudo de Impacte Ambiental feito, que apenas avaliava as condições de uma só localização.
“De acordo com os dados que nós dispomos, com o que percecionamos relativamente aos estudos que existem e aos impactos que se adivinham, é lógico que o Montijo não tem cabimento nenhum do ponto de vista do impacto na saúde das populações, ambiental e até da segurança aeronáutica. Não há razão para se continuar a insistir numa suposta solução que tem todos estes problemas, quando a 30 quilómetros ao lado há uma solução que custa menos dinheiro, tem menos impacto e mais capacidade de expansão”, defendeu.
A associação ambientalista Zero também considerou hoje "um bom sinal" a disponibilidade do ministro das Infraestruturas em admitir ponderar a realização de uma Avaliação Ambiental Estratégica (AAE) sobre o novo aeroporto do Montijo.
Já o presidente executivo (CEO) da companhia portuguesa euroAtlantic airways, Eugénio Fernandes, apontou que adiar a construção do aeroporto do Montijo é um “erro estratégico” e mostra “descrédito” no setor do turismo.
Em 08 de janeiro de 2019, a ANA e o Estado assinaram o acordo para a expansão da capacidade aeroportuária de Lisboa, com um investimento de 1,15 mil milhões de euros até 2028 para aumentar o atual aeroporto de Lisboa e transformar a base aérea do Montijo num novo aeroporto.
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