Os manifestantes marcharam desde a porta da central até à câmara municipal de Almaraz gritando palavras de ordem como "Almaraz somos todos" ou "sim ao prolongamento de Almaraz - Não fecha".
Os manifestantes encheram o largo junto à câmara, onde foi lido um manifesto por uma das responsáveis da plataforma "Cidadania Vida", que organizou a manifestação.
"Não nos enganemos. É o plano dos nossos vizinhos [portugueses] o que está em jogo, o que se está a discutir em despachos em Madrid, é o futuro de milhares de estremenhos que não querem, uma vez mais, ter que abandonar a sua terra, onde nasceram e onde estabeleceram a sua vida e formaram as suas famílias", afirmou Almudena Hernández.
Sempre sob aplausos da multidão, Almudena Hernández sublinhou que a situação torna-se "mais preocupante" porque as anunciadas alternativas não se materializaram.
"Hoje não existe nenhum dado que nos assegure a criação de um tecido industrial na região que possa, não só suprir os postos de trabalho, de qualidade e em quantidade, que gera a central nuclear de Almaraz. O seu encerramento num prazo inferior a dez anos é algo totalmente inviável na atual situação", sustentou.
A Plataforma "Cidadania Vida" deixou um apelo para a responsabilidade social das forças políticas das instituições e das empresas proprietárias da central nuclear.
"Almaraz não é só uma empresa mais, é o sustento principal de uma região que atualmente supera os 23% de desemprego entre a sua população, nove pontos acima da média nacional que já é insustentável", frisou.
Almudena Hernández defendeu que a continuidade da exploração das centrais nucleares deve decidir-se exclusivamente por critérios técnicos e de segurança e adiantou que já mostraram que produzem energias limpas e muito sustentáveis economicamente.
"É por isso que tanto Almaraz como as restantes centrais espanholas são absolutamente viáveis, sendo o método de produção de energia mais limpo de Espanha, com zero emissões de CO2", disse.
Adiantou ainda que nos últimos anos, foram realizados investimentos muito importantes ao nível da segurança, nomeadamente, a construção do centro alternativo de gestão de emergências, entre outros, num investimento que ultrapassa os 600 milhões de euros.
"Todas estas avançadas medidas de segurança resultaram numa instalação mais segura e tecnologicamente mais avançada do que quando iniciou a sua operação há 37 anos. É perfeitamente viável estender a sua exploração até aos 60 ou 80 anos, tal como sucede com outros reatores que utilizam a mesma tecnologia em países como os Estados Unidos, Holanda ou Suécia", realçou.
A responsável pela Plataforma disse ainda que Almaraz é o reator mais seguro da Europa e deu como exemplo o 'ranking' de WANO, no qual há três reatores nucleares espanhóis nos 20 primeiros lugares.
A central de Almaraz está situada junto ao rio Tejo e faz fronteira com os distritos portugueses de Castelo Branco e Portalegre, sendo Vila Velha de Ródão a primeira povoação portuguesa banhada pelo Tejo depois de o rio entrar em Portugal. A central está implantada numa zona de risco sísmico e apenas a 110 quilómetros em linha reta da fronteira portuguesa.
Recentemente, o governo espanhol voltou a adiar o encerramento da central de Almaraz, desta vez diferindo a desativação dos dois reatores para 2027 e 2028, ou seja, por mais oito anos do que o inicialmente previsto.
Portugal chegou a apresentar uma queixa em Bruxelas contra Espanha depois de os Governos dos dois países não terem conseguido chegar, no final de dezembro de 2016, a acordo sobre a construção de um aterro nuclear na central de Almaraz.
A queixa acabou por ser retirada depois de um acordo patrocinado pelo executivo comunitário que previa a realização de um estudo de impacto ambiental transfronteiriço, em que o grupo de trabalho criado pelo Governo português considerou o projeto "seguro e adequado".
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