Em declarações à Lusa, o presidente da Biosfera I, da ilha de S. Vicente, Tommy Melo, explicou que dois dos barcos mais procurados do mundo por pesca ilegal, apreendidos há dois anos no Porto Grande da ilha de São Vicente, estão a preparar-se para voltar ao mar.
O líder associativo disse que o alerta partiu da Sea Shepherd Global, organização não-governamental que estava a cooperar com a associação local na altura que os barcos foram apreendidos em Cabo Verde.
Em maio de 2015, a Interpol detetou na ilha cabo-verdiana de São Vicente dois dos dez barcos mais procurados do mundo, existindo suspeitas de que estejam envolvidos em pesca ilegal.
Uma das embarcações, de nome Yongding, mudou para Luampa, tendo já sido perseguido na Austrália e na Nova Zelândia.
O outro barco, de nome Songhua, tal como o primeiro, foi surpreendido por uma ação conjunta entre a Interpol e elementos das autoridades marítima, judiciária e Guarda Costeira de Cabo Verde.
Os dois navios estão na “lista negra” da Interpol como dois dos dez mais procurados do mundo, por suspeita de pesca ilegal de peixes de zonas frias, cuja captura é proibida por lei.
Mais de dois anos após a apreensão, Tommy Melo avançou à Lusa que as duas embarcações “mudaram completamente de fisionomia”, indicando que estão repintados, com novo nome e com bandeira de outros países.
“O navio Yongding foi renomeado Atlantic Wind e agora tem a bandeira da República da Tanzânia, enquanto o Songhua foi renomeado como Pescacisne 2 e tem a bandeira do Chile”, especificou a associação num e-mail, numa informação publicada hoje também no site da Sea Shepherd Global, a mostrar igualmente a sua preocupação.
O presidente da Biosfera I disse que a Sea Shepherd Global teme que os barcos voltem ao mar novamente, uma vez que pertencem a uma companhia espanhola, que já “se safou” de vários casos do género em Tribunal.
Por isso, a Biosfera I e a Sea Shepherd Global apelam às autoridades cabo-verdianas e internacionais para evitarem que os barcos zarpam do Porto Grande do Mindelo.
“Não é um apelo apenas a Cabo Verde, mas também a toda a comunidade internacional, porque se os barcos saírem do Porto Grande, será todo um trabalho de anos que vai também vai por água abaixo”, mostrou o biólogo.
O presidente da Biosfera I lembrou que os barcos passaram 12 anos a “fugir” das autoridades internacionais e foram apreendidos “por acaso” em Cabo Verde em 2015.
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