O festival de Annecy, o mais relevante a nível internacional para o cinema de animação, tem este ano Portugal como país convidado, com uma ampla programação de obras portuguesas e a presença de dezenas de realizadores, produtores e animadores, assim como um espaço próprio de divulgação no mercado do filme, um dos eventos complementares de Annecy.

Uma das primeiras sessões de arranque do festival foi dedicada ao cinema de Abi Feijó, apresentado como pioneiro do cinema contemporâneo de animação, e de Regina Pessoa, uma das ‘madrinhas’ desta edição e responsável pela imagem gráfica deste ano, espalhada pelos espaços públicos da cidade.

No final da sessão, esgotada e muito aplaudida, com Abi Feijó a emocionar-se a falar sobre o seu percurso, Regina Pessoa disse à agência Lusa que espera que cheguem a Portugal ecos do que se passar esta semana em Annecy em torno do cinema português.

“É a confirmação de um percurso e de uma arte. Aqui estamos com esta distinção, mas em Portugal não temos este reconhecimento. A Cultura em Portugal não tem ideia do valor da Cultura que, por exemplo, França nos dá. Acho que isso é muito importante”.

Regina Pessoa estende essa falta de reconhecimento ao Instituto do Cinema e Audiovisual (ICA).

“É muito importante o ICA estar presente. É o maior festival de animação do mundo e, provavelmente, um dos maiores [festivais] do mundo, e o ICA nunca veio [até agora]. O ICA vai todos os anos a Cannes, quer tenha lá filmes ou não, e nunca se dignou a vir aqui. É a primeira vez. Portanto, eu espero que eles aprendam também alguma coisa e que vejam o reconhecimento que a Cultura internacional dá ao cinema português”, disse.

Nos próximos dias, haverá debates, apresentações de filmes ainda em projeto, retrospetivas e estreia de obras em competição, envolvendo estúdios e produtoras portuguesas, como Cola Animation, BAP Animation, AIM Creative Studios, Sardinha em Lata, Animais e Animanostra.

O 48.º Festival de Cinema de Annecy arranca hoje à noite com o filme “La Plus Précieuse des marchandises”, do realizador francês Michel Hazanavicius, com uma história marcada pelo Holocausto.

O festival, que termina no dia 15, atribuiu hoje um prémio de carreira ao realizador e animador britânico, e membro do grupo humorís Monty Python, Terry Gilliam.