“Estamos aqui para reafirmar a solidariedade da CGTP com os trabalhadores cujos postos de trabalho estão em risco e com as populações que merecem melhores serviços. Além de que o Governo tem de ter uma intervenção urgente face a atitudes prepotentes e arrogantes contrárias aos interesses dos serviços públicos e que a administração dos CTT está a ter”, disse à Lusa Arménio Carlos.
O dirigente sindical falava à Lusa à porta da estação dos CTT das Olaias, em Lisboa, uma das oito que hoje encerraram e na qual foi realizado um protesto contra o fecho das estações dos CTT e pela reversão da sua privatização, que contou ainda com a presença do Movimento de Utentes de Serviços Públicos e elementos do Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Correios e Telecomunicações.
Para Arménio Carlos, não faz sentido o encerramento das estações, “mais a mais quando a administração está a distribuir dividendos muito para além dos lucros da empresa”, salientando que, “pelos vistos”, não se trata de um problema de dinheiro, mas sim “a forma como se aplica o dinheiro para beneficiar os acionistas ou melhorar a qualidade dos serviços públicos que tão degradada já se encontra neste momento”.
O sindicalista reiterou a importância de “fazer reverter os CTT para a esfera do setor empresarial do estado”, lembrando que atualmente a empresa “já não está a prestar serviço público de qualidade”.
José Franco utente da estação das Olaias, onde mantém um apartado, dirigiu-se hoje ao posto para enviar umas cartas e deparou-se com o seu encerramento.
“No final de dezembro paguei o apartado para o ano de 2018 até com uma nova modalidade que me avisava com um sms. Não fui informado de nada que estaria para fechar na altura da revalidação. Hoje deparo-me com isto. É de uma prepotência imensa dos CTT”, disse José Franco, em declarações à Lusa.
O utente da estação das Olaias adiantou também querer ser ressarcido pelo serviço que deixou de ter, afirmando que já tentou, por diversas vezes, os números de telefone afixados na porta da estação, salientando que o contacto é “muito difícil” até que, quando o atenderam, pediram para enviar um email a expor a situação.
Também Isabel Real, moradora no prédio dos CTT, adiantou à Lusa que o fecho da estação irá fazer alguma diferença, já que usava muito o posto como utente com correspondência do seu local de trabalho.
Oito estações dos CTT nos concelhos de Lisboa, Loulé, Sintra, Barreiro, Aveiro e Águeda fecharam hoje, no âmbito do plano de reestruturação da empresa, que tinha já levado ao encerramento da estação madeirense Arco da Calheta, informou a empresa.
Em resposta à Lusa, fonte dos CTT avançou que foram hoje fechadas as estações de Avenida (Loulé), Filipa de Lencastre (Sintra), Junqueira (Lisboa), Lavradio (Barreiro), Olaias (Lisboa), Socorro (Lisboa), Universidade (Aveiro) e Barrosinhas (Águeda).
Os CTT confirmaram a 02 de janeiro o fecho de 22 lojas no âmbito do plano de reestruturação, que, segundo a Comissão de Trabalhadores dos Correios de Portugal, vai afetar 53 postos de trabalho.
A empresa referiu que o encerramento de 22 lojas situadas de norte a sul do país e nas ilhas "não coloca em causa o serviço de proximidade às populações e aos clientes, uma vez que existem outros pontos de acesso nas zonas respetivas que dão total garantia na resposta às necessidades face à procura existente".
Em causa estão os seguintes balcões: Junqueira (concelho de Lisboa), Avenida (Loulé), Universidade (Aveiro), Termas de São Vicente (Penafiel), Socorro (Lisboa), Riba de Ave (Vila Nova de Famalicão), Paços de Brandão (Santa Maria da Feira), Lavradio (Barreiro), Galiza (Porto), Freamunde (Paços de Ferreira), Filipa de Lencastre (Sintra), Olaias (Lisboa), Camarate (Loures), Calheta (Ponta Delgada), Barrosinhas (Águeda), Asprela (Porto), Areosa (Gondomar), Araucária (Vila Real), Alpiarça, Alferrarede (Abrantes), Aldeia de Paio Pires (Seixal) e Arco da Calheta (Calheta, na Madeira).
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