1. 13 candidaturas, mas apenas seis vão às urnas em todos os círculos
2. 9 ilhas + um círculo da compensação
3Quantos deputados vale cada ilha?
4. Ter grupo parlamentar, retirar maioria absoluta ao PS ou eleger primeiro deputado
5. PS, CDS, BE e CDU com líderes na compensação
6. Informáticos, empresários e uma vendedora ambulante. Quem são os candidatos?
7. As eleições são açorianas, mas os candidatos vêm de toda a parte
8. Apelo ao voto para o fim da maioria absoluta do PS
9. Socialistas vencem há 24 anos, mas têm vindo a reduzir percentagem de votos


13 candidaturas, mas apenas seis vão às urnas em todos os círculos

No total, são dez os círculos eleitorais - um por cada ilha açoriana mais o círculo de compensação - e vão às urnas 13 forças partidárias, uma delas em coligação: a CDU, que junta PCP e Os Verdes.

Contudo, apenas seis das forças concorrem por todos os círculos: PS, PSD, CDS, BE, CDU e PPM (Partido Popular Monárquico), todas as que já têm assento atual no parlamento regional.

Os partidos Chega, Aliança e Iniciativa Liberal estreiam-se este ano nas eleições regionais dos Açores.

Para além da CDU, outra coligação vai a votos. No Corvo, CDS e PPM apresentam uma candidatura conjunta (Mais Corvo).


9 ilhas + um círculo da compensação

O círculo regional de compensação reúne os votos que não foram aproveitados para a eleição de parlamentares nos círculos de ilha.

Esse círculo elege cinco dos 57 deputados ao parlamento dos Açores, tendo em 2016 sido eleitos pela compensação dois deputados do CDS e um de PS, PSD e BE.

Quantos deputados vale cada ilha?

A Assembleia Legislativa dos Açores é eleita através do sistema de representação proporcional, pelo método de Hondt, sendo composta por 57 elementos. 

A sede do parlamento é na ilha do Faial, tendo este delegações nas restantes ilhas. São Miguel, a maior ilha do arquipélago, elege 20 deputados, contando com 127.947 eleitores, mais 741 do que em 2016. Segue-se a Terceira, com 10 deputados e 52.498 eleitores (+39), o Pico, com quatro deputados e 13.613 votantes (+117), o Faial, com também quatro parlamentares e 13.019 eleitores (o mesmo número do que em 2016), São Jorge, com três deputados e 8.710 inscritos (+62), Santa Maria, três deputados e 5.393 votantes (menos 106), a Graciosa, com três deputados e 3.936 eleitores (-475) e Flores, que também elege três deputados, com 3.119 votantes (-68).

A ilha mais pequena do arquipélago, o Corvo, vai eleger dois deputados e conta com 337 eleitores, mais três do que há quatro anos. Os restantes cinco deputados, de um total de 57, são eleitos pelo círculo de compensação, que reúne os votos que não foram aproveitados para a eleição de parlamentares nos círculos de ilha.

Nas anteriores legislativas açorianas, em 2016, o PS venceu com 46,4% dos votos, o que se traduziu em 30 mandatos no parlamento regional, contra 30,89% do segundo partido mais votado, o PSD, com 19 mandatos, e 7,1% do CDS-PP (quatro mandatos). O BE, com 3,6%, obteve dois mandatos, a coligação PCP/PEV, com 2,6%, um, e o PPM, com 0,93% dos votos expressos, também um.

Ter grupo parlamentar, retirar maioria absoluta ao PS ou eleger primeiro deputado

Quanto aos objetivos, os partidos já fizeram questão de os deixar claros.

PS quer a renovação da maioria absoluta; PDS quer retirar a maioria absoluta ao PS.

CDS quer aumentar o grupo parlamentar e eleger pelo menos dois deputados na ilha Terceira e o PPM quer duplicar ou triplicar número de deputados (1). BE tem como objetivo aumentar o número de votos e de deputados na Assembleia Regional, assim como a CDU, que acrescenta a vontade de formar um grupo parlamentar.

O PAN quer eleger pelo menos um lugar na Assembleia Regional e o Livre traçou como meta a eleição de um deputado pelo círculo de compensação.

Entre os partidos que concorrem pela primeira vez, o Chega quer eleger mais do que um deputado (sem precisar quantos), a Iniciativa Liberal que eleger pelo menos dois deputados e o Aliança também quer eleger pelo menos dois deputados, um deputado por São Miguel e um deputado pela ilha Terceira.

PCTP-MRPP e Partido da Terra não tornaram publicas as suas metas.

PS, CDS, BE e CDU com líderes na compensação

Nas listas para o parlamento açoriano, houve 12 forças políticas a apresentar nomes para a compensação.

O PS avança com Vasco Cordeiro (para o terceiro e último mandato), também número um por São Miguel e atual presidente do executivo regional, enquanto pelo PSD concorre Duarte Freitas, que liderou o partido entre dezembro de 2013 e outubro de 2018.

O Bloco, com António Lima, o CDS, com Artur Lima, e a CDU, com Marco Varela, avançam com os nomes dos respetivos líderes regionais também pela compensação.

Manuel São João é nome primeiro do PPM na lista da compensação, ao passo que Iniciativa Liberal (Nuno Barata), Livre (José Azevedo), PAN (Pedro Neves) e Partido da Terra (Pedro Soares Pimenta) colocam como cabeça de lista os respetivos primeiros nomes do círculo de São Miguel. O Chega avança pelo círculo de compensação com o secretário-geral da estrutura açoriana, José Pacheco, ao passo que Paulo Silva é o nome do partido Aliança, que preside.

Informáticos, empresários e uma vendedora ambulante. Quem são os candidatos?

No topo das listas que concorrem à Assembleia Legislativa Regional, e ressalvando que a Lusa considerou apenas os candidatos efetivos e não teve acesso às profissões dos candidatos por Santa Maria, lideram os professores e os empresários.

Seguem-se os advogados: ainda que em menor número, ocupam lugares cimeiros, começando por Vasco Cordeiro, que tenta um terceiro mandato como presidente do Governo Regional, ou José Manuel Bolieiro, líder do PSD, que quer recuperar a “alternância democrática” perdida há 24 anos. Mas há mais um advogado na lista do PSD pelo círculo de São Miguel, no segundo lugar, Pedro Nascimento Cabral.

Na área das tecnologias, são os partidos pequenos de esquerda, como o PAN e o Livre, que dão cartas. Ainda que seja comum encontrar técnicos informáticos noutros partidos, o Livre tem três programadores informáticos, incluindo o cabeça de lista na Terceira, e o PAN tem um no Pico, um programador de software em São Jorge e um gestor de projetos de tecnologias de informação em São Miguel.

O partido Pessoas Animais e Natureza destaca-se também na categoria da assessoria, começando por Pedro Neves, cabeça de lista por São Miguel e pelo círculo de compensação, que é assessor político, passando ainda por duas assessoras financeiras e uma de comunicação.

O partido está ainda em destaque relativamente a profissões com nomes em inglês, com um 'customer master data specialist' (especialista em dados de clientes, em tradução livre) e um ‘quality manager’ (gestor de qualidade), mas o BE ‘dá luta’, com uma 'quality assurance manager' (gestora de controlo de qualidade). Nas profissões com nomes ambíguos, o Bloco de Esquerda apresenta uma manipuladora (de pescado, esclarece o folheto distribuído pelo partido), o Movimento Partido da Terra uma canteira e a Iniciativa Liberal uma conservadora.

O Chega tem a exclusividade de representação dos vendedores ambulantes, já que a única candidata com esta profissão ingressa pelo partido de direita, e há ainda dois médicos dentistas - que se apresentam pelo CDS-PP na Terceira, sendo um deles o líder regional do partido, Artur Lima - e três meteorologistas, que surgem na lista do Livre por São Miguel.

E porque uma vida dedicada à política parece não caber na categoria de profissão, o PS apresenta um “licenciado em Estudos Euro-Atlânticos”, uma “licenciada em Estudos Europeus” e um candidato “formado em Ciência Política”.

As eleições são açorianas, mas os candidatos vêm de toda a parte

O líder regional monárquico é natural de Serpa, distrito de Beja, no Alentejo. Quem também se apresenta nas legislativas regionais do dia 25 pelos círculos do Corvo e de compensação, embora viva na ilha do Faial, é o coordenador regional do Partido Comunista, Marco Varela, natural de Lisboa.

A cerca de 30 quilómetros da capital, em Vila Franca de Xira, nasceu Pedro Neves, que se assume como líder regional do PAN, encabeçando as listas dos círculos de São Miguel e de compensação. Mas foi José Azevedo, porta-voz do Livre, quem veio de mais longe e agora apresenta o seu projeto para os Açores.

O candidato pelos círculos de São Miguel e compensação é natural de Nampula, em Moçambique. Percorrendo as listas que concorrem às eleições regionais, é possível encontrar nomes provenientes de todo o país.

Há, até, listas que não têm residentes nos Açores, como é o caso do Movimento Partido da Terra (MPT), que na candidatura pelo Faial tem residentes da zona da Grande Lisboa, na Graciosa apresenta apenas residentes no Funchal, e em Santa Maria e no Pico da zona de Pombal, sendo que na ‘ilha montanha’ passam também por Mirandela.

Nos maiores círculos eleitorais, São Miguel e Terceira, o Partido da Terra avança com candidatos da zona centro do país, maioritariamente dos Marrazes, em Leiria, e do Funchal, respetivamente.

Em termos de naturalidades, as listas mais diversas estão à esquerda e na maior ilha açoriana. O BE tem, em São Miguel, uma canadiana, um brasileiro, três angolanos e um cabo-verdiano, enquanto o Livre, na mesma ilha, além do cabeça-de-lista moçambicano, inclui outra moçambicana, um venezuelano, uma ucraniana e uma espanhola. Exemplos não faltam, em todos os quadrantes políticos e em todas as ilhas, com gente nascida em São Tomé e Príncipe, nos Estados Unidos, no Reino Unido, em Itália, em Timor e no Paquistão. 

Apelo ao voto para o fim da maioria absoluta do PS

A campanha eleitoral nos Açores para as regionais deste domingo assentou no apelo ao voto dos partidos da oposição para o fim da maioria absoluta do PS.

Pelo CDS, o líder regional, Artur Lima, advogou que o seu partido não viabilizará governos após domingo, apenas compromissos eleitorais. “O CDS não viabiliza governos de ninguém.

O CDS viabiliza os seus compromissos eleitorais. É isso que estamos a apresentar aos açorianos e é isso que vamos exigir a quem for governo. Se for o CDS, tanto melhor”, afirmou o candidato nos últimos dias oficiais de campanha. O porta-voz regional do PAN/Açores, Pedro Neves, já fez saber que o partido está “completamente fora de uma coligação pós-eleitoral” e espera conquistar votos “a todas as pessoas que se reveem nas medidas” e "à abstenção".

O Aliança diz não estar disponível para viabilizar governo socialista. “Nós só não estamos disponíveis para estar ao lado do PS porque tem feito muitas coisas que não têm ido ao encontro dos anseios e ambições dos açorianos. A não que o PS, quando fizer um novo mandato, não tenha maioria absoluta e tenha uma forma de fazer política muito diferente. Também pode acontecer”, declarou Paulo Silva, à Lusa.

Também o PPM não vai “viabilizar um governo do Partido Socialista”.  “Quem votar no PPM tem essa garantia – nós não vamos viabilizar um governo do Partido Socialista”, afirmou Paulo Estêvão, que falava aos jornalistas numa ação de campanha na freguesia da Fajã de Baixo, em Ponta Delgada. O partido não vai dar esse aval “nem de forma ativa, votando favoravelmente o Programa do Governo, nem de forma passiva, com alguma abstenção”, esclareceu o cabeça de lista monárquico pelo círculo do Corvo, onde vai a votos em coligação com o CDS-PP, na candidatura “Mais Corvo”.

Uma eventual perda da maioria absoluta socialista foi tema recorrente dos partidos da oposição, tendo inclusive o líder nacional do PSD, Rui Rio, reconhecido que, a concretizar-se no domingo, poderia ser vista como uma "meia vitória".

Socialistas vencem há 24 anos, mas têm vindo a reduzir percentagem de votos

O PS governa a região há 24 anos, tendo sido antecedido pelo PSD, que liderou o executivo regional entre 1976 e 1996, sendo então presidido por Mota Amaral.

Na sequência das primeiras eleições legislativas, após a instauração do regime político-administrativo dos Açores que materializou a autonomia, a então Assembleia Regional dos Açores foi eleita pela primeira vez em 27 de junho de 1976.

O resultado foi uma maioria absoluta para o PSD, liderado por João Mota Amaral, que obteve 53,83% dos votos expressos e 27 mandatos, contra 14 do PS. O CDS obteve 7,55% da votação. Foram então eleitos, no total, 43 deputados, contra os atuais 57 elementos que compõem o hemiciclo.

Em 20 de julho de 1976 teve lugar a abertura da Assembleia Regional dos Açores, tendo comparecido 40 dos parlamentares eleitos.

O primeiro parlamento dos Açores funcionou provisoriamente na Sociedade “Amor da Pátria”, na cidade da Horta, ilha do Faial, e a reunião foi conduzida pelo presidente interino Carlos Bettencourt, que proclamou a constituição da primeira assembleia do arquipélago. Foi eleito Álvaro Monjardino como presidente, um advogado natural da ilha Terceira, que foi ministro adjunto do primeiro-ministro do quarto Governo constitucional.

Foi o PSD de Mota Amaral, que venceu sempre com maioria absoluta, a obter o melhor ‘score’ eleitoral das legislativas nos Açores, em 1980, assegurando 57,36% dos votos expressos.

O melhor resultado do seu sucessor no Governo Regional dos Açores, o líder socialista Carlos César, que chegou ao poder em 1996, onde se manteve 16 anos, foi em 2004 (56,96%).

Carlos César teve no seu primeiro mandato, em 1996, de governar com uma maioria relativa, uma vez que obteve o mesmo número de mandatos para o parlamento regional do que o PSD.

Foi a única vez que nos Açores foi registada uma maioria relativa nas eleições regionais, com o CDS a aliar-se então ao PS.

César saiu em 2012 e escolheu como sucessor Vasco Cordeiro, atual presidente do Governo Regional, eleito pela primeira vez com 48,98% dos votos, quando defrontou o PSD liderado pela antiga presidente da Câmara Municipal de Ponta Delgada Berta Cabral.

A candidata, segundo os órgãos de comunicação social nacionais, terá sido penalizada pelas medidas de austeridade impostas pelo então primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, no âmbito da intervenção da ‘troika’ em Portugal, obtendo 32,98% dos votos expressos.

Vasco Cordeiro foi reeleito em 2016, com 46,43% dos votos expressos, enquanto os sociais-democratas, liderados na altura pelo antigo eurodeputado Duarte Freitas, conseguiram 30,89% dos votos.

Apesar de vencerem as eleições nos últimos 24 anos, os socialistas têm vindo a reduzir a percentagem de votos conquistados desde 2004.

Depois de obter 49,16% no ano 2000, em 2004 o PS venceu com 56,96% dos votos expressos, em 2008 com 49,96%, em 2012 com 48,98% e em 2016 com 46,43%. Em 1996, na primeira eleição de Carlos César, chegou aos 45,79%.

Os Açores têm vindo a registar, entretanto, os maiores valores de abstenção do país, sendo que nas eleições para a Assembleia Legislativa Regional de 2016 se registou na ilha de São Miguel, a maior e mais populosa, uma taxa de 63,1%, segundo a plataforma Pordata, na sua edição de 2020 do retrato da região.

* Com Lusa

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