“Estamos numa nova fase da pandemia, estamos numa fase de dispersão da contaminação, já não se faz por contactos conhecidos, faz-se na sociedade, e a única forma de abordar esta situação é pela testagem massiva das pessoas”, defendeu o presidente da APDP, José Manuel Boavida, que falava à Lusa a propósito do Dia Mundial da Diabetes assinalado a 14 de novembro.
Tal como a Universidade de Lisboa já começou a testar os estudantes e os profissionais e a Câmara de Lisboa vai começar a testar nas escolas, APDP desafia “o Governo a começar a testar as pessoas com diabetes que estão em risco de serem contagiadas”.
Nesta situação, estão os diabéticos que têm de andar em transportes públicos, que trabalham em ambientes onde “o perigo de contaminação é real” e, como tal, “devem ser testadas regularmente”.
“Isto é mais urgente e mais importante se estas pessoas com diabetes tiverem obesidade, doença cardiovascular, insuficiência renal tiverem cancro”, disse, reforçando que “estas têm de ser obrigatoriamente testadas”.
Segundo o presidente da APDP, a situação global da diabetes foi muito agravada com o aparecimento da covid-19, porque se as pessoas forem infetadas “pioram do ponto de vista da sua compensação e agravam os seus internamentos”.
Os dados do Observatório Nacional da Diabetes mostram isso mesmo, indicando que nos primeiros seis meses a hospitalização para a população diagnosticada com covid-19 foi de 14,5%, enquanto nas pessoas com diabetes essa percentagem subiu para 43,3%, o que corresponde a três vezes mais.
Além disso, das pessoas internadas com covid-19, 8,8% foram parar aos cuidados intensivos, número que sobe para 20,3% no caso dos diabéticos.
“As pessoas devem ser testadas sempre que estão em risco”, reiterou, sublinhando que atualmente há “métodos muito mais baratos e muito mais acessíveis para o fazer”.
No seu entender, “é obrigação do Governo, do Ministério da Saúde, de avançar neste Dia Mundial da Diabetes com uma palavra de esperança para as pessoas com diabetes, uma palavra de dizer que estão presentes, e de que os cuidados a estas pessoas devem e têm de ser mantidos”.
O Dia Mundial da Diabetes foi criado pelas Nações Unidas para tentar fazer frente à “pandemia da diabetes”, chamada assim porque “atinge todos os continentes” e “é uma doença com implicações enormes, atingindo cerca de 10% da população mundial e em Portugal atingirá mais de 13%”.
Antes da pandemia de covid-19, todos os dias eram diagnosticadas cerca 200 pessoas com diabetes e cerca de 500 internadas.
“É uma doença com um impacto emocional enorme porque exige da parte das pessoas um cuidado permanente, diário, eu diria mais de hora a hora e com impacto social grande porque é uma doença que atinge mais os estratos com menos escolaridade, com mais pobreza, com mais desemprego, embora possa atingir todos estratos”, salientou o especialista.
Por isso, a mensagem da APDP é que “não se pode abandonar as pessoas com diabetes”, que precisam de ser apoiadas evitar complicações em caso de infeção pelo novo coronavírus, disse, salientando “o papel fundamental” dos enfermeiros, que são “o paradigma do apoiar, do cuidar e da educação terapêutica”.
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